A China está tentando agressivamente recrutar estrangeiros talentosos nos campos de ciência e tecnologia para irem viver e trabalhar no país, desta vez com um programa de visto recém-lançado.
“Para atender às necessidades do desenvolvimento econômico e social do nosso país”, “talentos estrangeiros de destaque”, como cientistas e empreendedores, serão elegíveis para este programa, informou a Xinhua, uma agência estatal de notícias porta-voz do regime chinês, no dia 4 de janeiro.
Eles receberão um visto de entrada múltipla de 5 ou 10 anos, o que lhes permitirá ficar até 180 dias por vez. A candidatura é gratuita e pode ser processada tão rapidamente como em um dia e num máximo de até cinco dias úteis. Cônjuges e filhos receberão os mesmos vistos.
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As diretrizes das autoridades chinesas também enumeram os vencedores do Prêmio Nobel, estudantes de pós-doutorado de universidades de nível internacional e treinadores de esportes de nível nacional como parte de sua categoria de “talentos de destaque”, de acordo com o Diário da Manhã do Sul da China.
Numa tentativa ambiciosa de se tornar o líder mundial em tecnologia avançada, o regime chinês já iniciou programas de recrutamento para atrair cidadãos chineses e estrangeiros para trabalharem no setor de ciência e tecnologia da China, com um pacote que inclui emprego garantido numa universidade chinesa, num instituto de pesquisa ou numa empresa estatal; um bônus em dinheiro de até cinco milhões de yuanes (cerca de US$ 755 mil); e um subsídio de pesquisa.
Este último programa de visto torna a vida e o trabalho na China ainda mais fácil para o talento recrutado.
O jornal chinês Beijing News informou que o primeiro “certificado estrangeiro de talento de destaque” foi emitido para o diretor de recursos humanos da Microsoft para a Ásia-Pacífico, George Sajualumootil, que disse que frequentemente viaja para a China para negócios.
Outros dois também receberam o certificado, exigido para a concessão do visto: Chong Gu, professor de estatística da Universidade de Purdue, e Lucio Soibelman, professor da Faculdade de Engenharia da Universidade do Sul da Califórnia.
Estes vistos facilmente concedidos contrastam com as dificuldades que jornalistas estrangeiros e acadêmicos frequentemente enfrentam, isso quando não têm seus vistos simplesmente negados por serem críticos abertos do regime chinês, entre eles Perry Link, um especialista em China da Universidade de Princeton que simpatizou com os manifestantes estudantis durante o movimento democrático de 1989, e Paul Mooney, um jornalista que informou sobre o Tibete, Xinjiang e as injustiças sociais que ocorreram na China, entre muitos outros.
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