Levantar as pessoas da pobreza é o projeto emblemático do líder chinês Xi Jinping. Seu objetivo é transformar toda a China numa sociedade “xiaokang” até 2020, ou seja, uma sociedade em que as pessoas levam vidas confortáveis e têm suas necessidades materiais atendidas.
No entanto, os funcionários do Partido Comunista Chinês encontraram formas de aproveitar-se do financiamento do governo destinado aos pobres, fazendo o novo slogan oficial ainda mais difícil de atingir.
Em 3 de janeiro, a agência anticorrupção do Partido Comunista Chinês anunciou que mais de dez funcionários da cidade de Zhangjiakou, na província de Hebei, seriam punidos pelo desvio e apropriação de fundos destinados aos esforços de alívio da pobreza.
A agência explicou que funcionários foram flagrados falsificando relatórios, reivindicando fundos ilicitamente para si próprios, desviando dinheiro, violando regras para alocação de recursos e praticando nepotismo ou dando preferência a parentes e amigos.
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No condado de Kangbao, os funcionários estabeleceram seu próprio tesouro com os fundos de alívio da pobreza.
Mas a corrupção está em todo o país. Em 23 de dezembro do ano passado, o auditor principal no escritório de auditoria das autoridades centrais disse que, desde o início de 2017 até outubro, a incidência de má conduta no alívio da pobreza envolveu um total de 970 funcionários e a malversação de 3,2 bilhões de yuanes do governo central. 101.800 cidadãos chineses foram indevidamente identificados como necessitando de fundos para alívio da pobreza.
Funcionários do Partido Comunista Chinês mostraram-se criativos com seus esquemas de corrupção. Eis alguns exemplos:
Na província de Qinghai, prefeitura de Haidong, condado de Hualong, um funcionário mudou pessoas “pobres” para uma propriedade habitacional de luxo como parte de um projeto para “deslocamento dos pobres”. Aos novos residentes foram dados subsídios à habitação, mas das 630 famílias envolvidas, 232 não eram pobres. Cerca de 11,6 milhões de yuanes em subsídios governamentais foram desviados.
Em julho de 2017, funcionários locais do município de Huayuan, província de Hunan, solicitaram 10 milhões de yuanes (US$ 1,5 milhão) em fundos. Depois de passar por seis níveis de burocracia, cerca de 7 milhões de yuanes foram embolsados por funcionários.
Em outro município de Hunan, chamado Fenghuang, funcionários relataram falsamente o número de vacas e ovelhas na circunscrição, o que lhes permitiu desviar subsídios no total de 81,8 mil yuanes (US$ 12 mil).
E numa aldeia no condado de Ning, província de Gansu, funcionários relataram falsamente 15 residências como habitações decrépitas que precisavam ser reconstruídas. Eles apresentaram fotos e materiais falsos como prova e enganaram as autoridades centrais para conseguir subsídios no total de 215,6 mil yuanes.
O jornal chinês Beijing News também observou que, para os funcionários ansiosos em demonstrar conquistas políticas, eles manipulariam os números incluindo as pessoas que não eram pobres nas estatísticas de pobreza. Então, eles alegariam que as autoridades locais foram capazes de levantar essas pessoas rapidamente da pobreza.
Nesse andar da carruagem, as pessoas pobres que obtêm ajuda real estariam sendo em grande parte ignoradas pelas autoridades diretamente designadas para trabalhar com e para elas. E os conflitos sociais, que os esforços de alívio da pobreza deveriam resolver ou pelo menos abrandar, estariam mais perto do que o esperado pelo regime.
Colaborou: Gu Qing’er
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