China quer melhorar imagem no exterior e anuncia novo chefe de propaganda

Pequim lançou a política econômica chamada "Made in China 2025", um plano radical para que o país possa substituir seus concorrentes globais em 10 setores tecnológicos chave

27/08/2018 14:50 Atualizado: 27/08/2018 14:50

Por Annie Wu, Epoch Times

Xu Lin, assessor de confiança do líder chinês Xi Jinping, foi nomeado para chefiar o Escritório de Informação do Conselho de Estado, um centro de imprensa do regime comunista que irá atuar como departamento central para a produção de propaganda internacional do Partido Comunista Chinês (PCC).

Xu foi funcionário de Xi Jinping quando este último era chefe do Partido em Xangai. Essa nomeação indica que Pequim está revendo seu aparato de propaganda e notícias.

Xu será substituído no cargo de chefe da agência de censura da internet da China, a Administração de Assuntos do Ciberespaço, por Zhuang Rongwen, informante de Xi Jinping quando este trabalhou na província de Fujian.

As nomeações anunciadas em 21 de agosto se seguem aos artigos recentes publicados pela mídia estatal, que incluem críticas disfarçadas à forma como o regime tem manejado a propaganda estatal e confirmam boatos de que Xi Jinping estaria planejando eliminar os efeitos colaterais da má gestão do regime na questão da guerra comercial.

Discurso agressivo

Nos últimos anos o regime chinês usou um discurso agressivo para descrever suas ambições, incluindo a produção de diversos filmes que alardeiam as proezas econômicas e militares chinesas.

Além disso, Pequim lançou a política econômica chamada “Made in China 2025”, um plano radical para que o país possa substituir seus concorrentes globais em 10 setores tecnológicos chave, e que deixou o governo norte-americano em alerta quanto aos motivos reais do regime chinês. Ao impor taxas punitivas aos produtos chineses, a administração classificou essa política como a prova do plano de Pequim de roubar propriedade intelectual para promover seus objetivos nacionais.

Em junho, Pequim deu ordens à mídia estatal para que fosse moderada ao falar de política; os membros do alto escalão do regime consideram que foi um erro lançar o plano de forma tão forte e pública porque, graças a isso, a pressão sobre a China aumentou, declararam fontes diplomáticas para a agência Reuters.

Então, por semanas, o nome de Xi Jinping não apareceu na primeira página do jornal oficial do Partido, People’s Daily, embora as críticas na internet contra Xi Jinping e suas políticas econômicas tenham circulado normalmente.

Começaram a correr rumores de que uma facção da oposição dentro do PCC estaria descontente com a liderança de Xi Jinping, e que Wang Huning — estrategista político chave que acredita-se ser o cérebro por trás de muitas campanhas políticas de Pequim — receberia uma punição por isso.

Mudança de planos

A insatisfação do PCC com a propaganda em torno da guerra comercial e das políticas econômicas foi mostrada em artigos recentes da mídia estatal.

Esta semana, o jornal People’s Daily publicou uma série de artigos sobre como “promover o trabalho do pensamento na propaganda”, criticando “o tom de grandeza da propaganda chinesa”.

Em 21 de agosto, a agência estatal de notícias Xinhua publicou um artigo intitulado “Notícias e opinião pública aos olhos de Xi Jinping”, que enfatizou a importância da mídia e da propaganda estatal para “captar a direção política” e respeitar os princípios que “persistem no espírito do Partido”.

As mudanças na equipe de propaganda, juntamente com os artigos recentes sobre como fazer corretamente o trabalho de propaganda, são provas de que a direção “não estava feliz com a forma como Wang Huning produzia propaganda”, declarou em uma entrevista um erudito anônimo familiarizado com os círculos políticos de Pequim à rádio Free Asia.

As nomeações indicam uma mudança na forma como o PCC gostaria de se apresentar, disse Patricia M. Thornton, perita em assuntos da China da Universidade de Oxford, ao jornal South China Morning Post.

“Parece haver uma preocupação geral de que a retórica autoindulgente e hipernacionalista que aparece em alguns recantos da mídia chinesa tenha resultado em um retrocesso na forma das recentes sanções comerciais”, disse ela para um jornal de Hong Kong.