China publica novas regras para apertar ainda mais empresas privadas

21/12/2017 18:03 Atualizado: 21/12/2017 18:41

Em sua ação mais recente para controlar ainda melhor as empresas privadas, a China emitiu um conjunto de regras para conter o investimento no estrangeiro.

Em 18 de dezembro, um documento foi divulgado para a mídia chinesa, descrevendo diretrizes para empresas privadas envolvidas com investimentos estrangeiros. As regras vieram de cinco órgãos do Partido Comunista Chinês (PCC), incluindo o Ministério do Comércio, o Banco Popular da China e o Ministério das Relações Exteriores.

Entre as 36 regras, as empresas chinesas são obrigadas a reportar todos os seus investimentos estrangeiros às autoridades centrais. Investimentos que “dizem respeito a assuntos sensíveis nacionais e locais ou indústrias sensíveis” devem obter aprovação do regime.

No mesmo parágrafo, as regras alertam contra o uso de investimentos fraudulentos para “ilegalmente obter divisas, desviar ativos ou conduzir lavagem de dinheiro”.

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Outra regra obrigou as empresas a garantirem seus empréstimos com bancos chineses antes de se comprometerem com um acordo no exterior.

O regime chinês tem pressionado empresas ambiciosas com grandes aquisições no estrangeiro. Em junho, a Comissão de Regulamentação Bancária do país investigou vários conglomerados, incluindo a Anbang Insurance Co., o Dalian Wanda, o Grupo HNA e o Fosun International, para avaliar suas exposições de crédito. Juntos, esses quatro compraram US$ 46 bilhões em ativos no estrangeiro nos últimos cinco anos, incluindo a cadeia de salas de cinema AMC Theaters (Wanda), o hotel Waldorf Astoria (Anbang) em Nova York, o grupo canadense de entretenimento Cirque du Soleil (Fosun) e o Hilton Hotels (HNA).

China, controle, economia, investimento estrangeiro - O edifício da Anbang em Pequim, China, em 4 de agosto de 2017 (Greg Baker/AFP/Getty Images)
O edifício da Anbang em Pequim, China, em 4 de agosto de 2017 (Greg Baker/AFP/Getty Images)

No mesmo mês, o presidente bilionário da Anbang, Wu Xiaohui, teria sido detido pelos investigadores anticorrupção de Pequim. Fontes anônimas informaram ao Epoch Times que a investigação estava relacionada com os laços de Wu com uma facção de oposição no Partido Comunista Chinês e sua participação em ajudar a facção a fazer lavagem de dinheiro no exterior.

Então, um mês depois, essas quatro empresas foram impedidas de obter novos empréstimos de bancos estatais.

Depois de encontrar-se na mira do regime chinês, o Grupo Wanda tentou vender suas aquisições imobiliárias em Los Angeles, Chicago, Reino Unido e Austrália, informou a mídia estatal Diário da Manhã do Sul da China em novembro.

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O regime chinês tem ampliado com punho de ferro o controle sobre o setor privado, desde pressionar firmas estrangeiras para estabelecerem organizações do Partido Comunista Chinês dentro de suas instalações até restringir as vendas de imóveis nas principais cidades.

Em parte, isso se dá devido a preocupações de que a saída de capital desestabilizará a economia, de acordo com o analista político chinês Huang Jinqiu. Numa entrevista à emissora chinesa independente New Tang Dynasty Television, Huang disse que os investimentos estrangeiros poderiam criar riscos dentro das fronteiras do país, enquanto o capital dos bancos é desviado para o exterior.

China, controle, economia, investimento estrangeiro - Wang Jianlin, o presidente do Grupo Wanda, em Pequim, China, em 25 de agosto de 2016 (Fred Dufour/AFP/Getty Images)
Wang Jianlin, o presidente do Grupo Wanda, em Pequim, China, em 25 de agosto de 2016 (Fred Dufour/AFP/Getty Images)

Além disso, Frank Xie Tian, um professor de administração na Universidade da Carolina do Sul–Aiken, ​​observou que, dada a história do Partido Comunista Chinês de tomar dinheiro dos ricos, muitas empresas com receios transferiram seus ativos para o exterior por meio de investimentos.

Eles podem ter motivos para se preocupar; a China está ficando sem dinheiro. Um relatório recente do FMI (Fundo Monetário Internacional) estimou que a dívida da China era 2,55 vezes o seu PIB (Produto Interno Bruto).

Colaborou: Frank Fang