China: Província da Mongólia Interior falsifica dados econômicos novamente

09/01/2018 16:40 Atualizado: 09/01/2018 16:40

As autoridades comunistas na província chinesa da Mongólia Interior admitiram recentemente que haviam exagerado a receita industrial em 26%, ou 53 bilhões de yuanes (US$ 8,1 bilhões), de acordo com a mídia estatal em 3 de janeiro.

Os números foram fabricados de acordo com o seguinte método: no início do ano, o Departamento de Finanças define um alvo para receita que é muito alto. Perto final do ano, percebendo que a meta é extremamente difícil de atingir, o departamento informa ter sido bem-sucedido de qualquer maneira, enquanto pede às empresas que transfiram fundos temporariamente para o governo para apoiar as alegações. Com empréstimos ruins e números fabricados de receitas e despesas, parece que o departamento atingiu o objetivo.

O regime chinês encoraja esse comportamento desonesto, uma vez que os funcionários são recompensados com promoções, demonstrando a produtividade econômica da região. Um ditado comum na China é: “Os funcionários produzem números, os números produzem funcionários.”

Esta não é a primeira vez que a Mongólia Interior foi apanhada falseando seus dados econômicos. Em junho passado, a agência anticorrupção do Partido Comunista Chinês destacou a região por esses crimes.

Leia também:
• As rachaduras na economia da China
• Regime chinês promove Nova Ordem Mundial baseada no ‘Modelo da China’
• Novo relatório do FMI revela dimensão do problema da dívida da China

Muitos funcionários da Mongólia Interior estão associados a Liu Yunshan, um ex-membro do Comitê Permanente do Politburo e um funcionário com fortes laços com a facção de oposição do Partido leal ao ex-líder chinês Jiang Zemin. Sua facção está envolvida numa luta de poder com o atual líder Xi Jinping e seus aliados. Desde que Xi Jinping assumiu o poder em 2012, ele expulsou vários membros da facção de Jiang Zemin por meio de uma ampla campanha de combate à corrupção. Não está claro se as revelações sobre os números falsos estão relacionadas à luta interna do Partido.

Outra região conhecida por números falsos é Liaoning, uma província vizinha ao norte. Em janeiro de 2017, o governador do Liaoning admitiu que as cidades e os municípios da província apresentaram dados exagerados de 2011 a 2014, representando um aumento falso de 20%. Durante este período, o secretário do Partido em Liaoning era Wang Min, um funcionário que devia sua promoção política a Jiang Zemin. Em agosto passado, ele foi condenado à prisão perpétua por aceitar subornos no total de 146 milhões de yuanes (cerca de US$ 22,4 milhões).

Em 2016, Liaoning também exagerou seus valores do PIB (Produto Interno Bruto), que na verdade caíram 23,3%.

O governo chinês revelou que Liaoning falsificou os números aumentando a quantidade de terra de onde poderia cobrar impostos, bem como inflou os ganhos financeiros que poderia cobrar por permitir o uso de ativos estatais.

No mês passado, o escritório de auditoria do Partido Comunista Chinês anunciou que, no terceiro trimestre de 2017, 10 cidades e municípios em Yunnan, Hunan, Jilin e Chongqing apresentaram números falsos, somando mais 1,5 bilhão de yuanes (cerca de US$ 230 milhões) em suas receitas, de acordo com o jornal chinês Beijing News.

Dada a condição econômica problemática na região nordeste e em muitas outras províncias da China, talvez não seja surpreendente que tantas regiões estejam desesperadas para parecer melhor do que a realidade, especialmente porque a carreira dos funcionários depende disso.

De acordo com as estimativas do economista chinês Dr. Cheng Xiaonong, radicado nos Estados Unidos, das 31 províncias e municípios diretamente governados da China, 25 estão endividados, sobrevivendo apenas enquanto dependem dos recursos das autoridades centrais para rolar suas dívidas. Somente grandes centros financeiros como Xangai e Pequim, bem como as províncias costeiras de Guangdong, Zhejiang, Jiangsu e Fujian apresentam resultados positivos, com um superávit total de 3 trilhões de yuanes (US$ 453 bilhões).

Colaborou: Li Jing

Leia também:
• Governo da China proíbe importação de lixo do exterior
• Vídeo com queixas de empresário lança luz sobre ambiente hostil dos negócios na China
• Não há legalidade nos negócios com a China, afirma chefe de Associação de Vítimas