Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.
Os dados econômicos do terceiro trimestre da China mostram uma desaceleração contínua, tornando improvável que o país atinja sua meta de crescimento do PIB para 2024.
A economia chinesa apresenta sinais claros de desaceleração significativa, com a inflação central atingindo seu nível mais baixo em mais de três anos. Essa queda levanta preocupações sobre a capacidade do país de alcançar sua meta de crescimento de cerca de 5% em 2024.
Em agosto, o índice de preços ao consumidor (IPC), excluindo alimentos e energia, subiu apenas 0,3% em relação ao ano anterior, marcando o crescimento mais lento desde março de 2021. Embora a inflação geral tenha subido 0,6%, isso se deveu principalmente ao aumento dos preços dos alimentos causado por condições climáticas adversas, mas o valor ainda ficou abaixo das expectativas.
A fraca demanda — aliada à queda nos preços em setores-chave como veículos elétricos e eletrônicos — intensificou as pressões deflacionárias. Sem a intervenção do Estado, a economia corre o risco de entrar em um ciclo de queda de preços, salários e receitas corporativas. O sentimento do mercado também foi fortemente afetado, com os índices de ações e a moeda da China registrando perdas contínuas. No último mês, o dólar enfraqueceu levemente com a expectativa de que o Federal Reserve dos EUA reduza as taxas de juros, mas essa queda não trouxe impulso ao yuan, que permanece estável.
Um fator chave que contribuiu para o modesto aumento da inflação foi a alta nos preços dos alimentos. Os preços de vegetais frescos dispararam 21,8% em comparação com o mesmo período do ano passado, acrescentando 0,44 pontos percentuais ao IPC geral. Apesar de medidas de estímulo, como cortes de juros e programas como o de troca de carros antigos por novos, esses esforços foram insuficientes para contrabalançar o impacto de um mercado imobiliário fraco e a baixa confiança dos consumidores. Enquanto isso, os preços no atacado permanecem em deflação desde o final de 2022, com o índice de preços ao produtor caindo 1,8% em relação ao ano anterior, superando a queda prevista de 1,5%.
A desaceleração também é evidente na produção industrial e nas vendas no varejo da China, ambas enfraquecidas em agosto. A produção industrial cresceu no ritmo mais lento desde março, aumentando 4,5% em relação ao ano anterior, abaixo dos 5,1% de julho. As vendas no varejo, um indicador chave do consumo, tiveram o segundo pior mês do ano, subindo apenas 2,1% em comparação aos 2,7% de julho. Esses números não só ficaram abaixo das expectativas, mas também destacaram a fraqueza da demanda interna, apesar de agosto ser o auge do período de férias de verão.
Apesar dos esforços para estabilizar a economia, o investimento em ativos fixos da China desacelerou consideravelmente. Entre janeiro e agosto, o investimento em ativos fixos cresceu apenas 3,4%, o ritmo mais lento desde dezembro passado, à medida que o mercado imobiliário continuou em queda acentuada. O investimento imobiliário caiu 10,1% no primeiro semestre do ano, enquanto as vendas de imóveis por área útil caíram 19% em relação ao ano anterior. Além disso, os novos lançamentos de construções despencaram 23,7% em comparação ao ano anterior.
A crise imobiliária está criando o que analistas chamam de uma economia de “duas velocidades”, onde as exportações aumentam em volume, enquanto a demanda interna permanece estagnada. O líder chinês Xi Jinping enfatizou a necessidade de o país atingir sua meta de crescimento econômico anual, concentrando-se especialmente na produção industrial, principalmente na fabricação de alta tecnologia, para compensar o impacto da crise imobiliária que já dura três anos.
A disparidade entre a meta de crescimento oficial da China e a realidade econômica atual sugere que o país provavelmente ficará aquém da meta de 5% de crescimento do PIB. A ênfase na manufatura e nas exportações indica que o Partido Comunista Chinês (PCCh) está ciente da desaceleração interna e está priorizando a dominação econômica externa, mesmo às custas da economia interna e do padrão de vida dos cidadãos.
A economia de duas velocidades da China enfrenta riscos crescentes, à medida que a demanda interna permanece fraca, enquanto o superávit comercial do país se expande. Com o aumento desse superávit, a China pode enfrentar tarifas adicionais de seus parceiros comerciais, o que dificultaria ainda mais o crescimento e agravaria as pressões desinflacionárias. Para mitigar isso, o PCCh precisa estimular a demanda interna de forma mais agressiva, a fim de equilibrar o risco de novas tarifas que podem retardar a recuperação econômica. No entanto, com uma economia em desaceleração e o aumento do desemprego juvenil, os consumidores chineses estão relutantes em aumentar seus gastos.
O ex-presidente do banco central, Yi Gang, recentemente fez um raro reconhecimento público dos desafios deflacionários da China, instando os formuladores de políticas a tomarem medidas imediatas. Falando no Bund Summit em Xangai, Yi enfatizou a fraqueza da demanda interna — especialmente no consumo e investimento — como uma área crítica que requer maior apoio fiscal e monetário. Ele expressou esperança de que o deflator do PIB da China, uma medida ampla dos níveis de preços, possa se tornar positivo nos próximos trimestres. No entanto, dada a atual fraqueza da demanda privada e a baixa confiança dos consumidores, uma recuperação orgânica parece improvável.
Enquanto Pequim luta para reativar a demanda doméstica e estabilizar o mercado imobiliário, até agora só implementou medidas incrementais. O consumo fraco, a baixa confiança e a crise no setor imobiliário continuam pesando fortemente nas perspectivas de crescimento da China. A desaceleração econômica está se tornando cada vez mais enraizada, e permanece incerto se as medidas de estímulo adicionais serão suficientes para reverter a tendência de queda — ou se essas medidas sequer serão implementadas.
A mídia estatal chinesa continua retratando o crescimento econômico como estável e cheio de oportunidades, concentrando-se nos setores que estão indo bem. No entanto, evitam reconhecer a desaceleração econômica mais ampla, impulsionada por problemas estruturais profundos para os quais o PCCh atualmente não tem uma solução clara.
As opiniões expressas neste artigo são opiniões do autor e não refletem necessariamente as opiniões do Epoch Times.