A China está a caminho de obter 700 mísseis nucleares lançáveis até 2027 e poderá dispor de até 1.000 em 2030, de acordo com novo relatório do Pentágono.
“Na próxima década, a RPC [República Popular da China] pretende modernizar, diversificar e expandir suas forças nucleares”, afirma o relatório.
“A RPC está investindo e expandindo o número de suas plataformas nucleares terrestres, marítimas e aéreas e construindo a infraestrutura necessária para apoiar esta grande expansão de suas forças nucleares.”
Representantes do Departamento de Defesa entregaram o relatório anual, coloquialmente chamado de Relatório sobre o Poder Militar da China, ao Congresso no dia 3 de novembro.
O relatório descreve a estratégia de Pequim para alcançar o “grande rejuvenescimento da nação chinesa” até 2049, o centenário do regime comunista na China, e o papel das armas nucleares nessa estratégia.
Arsenal em Crescimento
O Relatório do Poder Militar da China de 2020 avaliou que a China tinha aproximadamente 200 armas nucleares no total e que tinha a capacidade de dobrar esse número na próxima década.
O novo relatório aumentou essa estimativa para cinco vezes até 2030 e afirma que a China terá pelo menos 200 mísseis nucleares terrestres capazes de atingir os Estados Unidos em cinco anos.
As razões para esse aumento na estimativa citada pelo relatório incluem novos investimentos em infraestrutura de energia nuclear, esforços para dobrar o número de lançadores de mísseis em algumas unidades e a descoberta de vários locais considerados suspeitos pelos Estados Unidos de abrigar depósitos de mísseis.
“A RPC começou a construir pelo menos três campos de depósito de ICBM [mísseis balísticos intercontinentais] de combustível sólido, que acumularão centenas de novos depósitos de ICBM”, afirma o relatório.
O relatório também afirma que os novos esforços da China em energia nuclear poderiam servir para desenvolver o plutônio adicional necessário para o desejado aumento de armas nucleares.
“A República Popular da China está construindo a infraestrutura necessária para apoiar esta expansão de sua força, incluindo o aumento em sua capacidade de produzir e separar plutônio por meio da construção de reatores reprodutores rápidos e instalações de reprocessamento”, afirma o relatório. “Embora isso seja consistente com a meta da RPC de encerrar o ciclo do combustível nuclear, a RPC provavelmente pretende usar parte dessa infraestrutura para produzir plutônio para seu programa de expansão de armas nucleares”.
Avanço das tecnologias nucleares
No entanto, a China não está apenas expandindo sua capacidade nuclear. Também está evoluindo suas capacidades por meio da modernização militar, desenvolvendo tecnologias disruptivas, como mísseis de cruzeiro hipersônicos, declara o relatório.
“A RPC provavelmente pretende desenvolver novas ogivas nucleares e plataformas de lançamento que, no mínimo, correspondam à eficácia, confiabilidade e/ou capacidade de sobrevivência de algumas das ogivas e plataformas de lançamento atualmente sendo desenvolvidas pelos Estados Unidos e/ou Rússia”, afirma o relatório.
Esse desenvolvimento está ocorrendo na “tríade nuclear” de capacidades nucleares baseadas no mar, na terra e no ar. Inclui novos ICBMs, submarinos de ataque nuclear, bombardeiros estratégicos furtivos, veículos planadores hipersônicos e mísseis de cruzeiro.
“A RPC está desenvolvendo novos mísseis balísticos intercontinentais (ICBM) que irão aumentar significativamente suas forças de mísseis com capacidade nuclear e exigir uma maior produção de ogivas nucleares, em parte devido à adição de capacidades de veículos de reentrada multialvo independentes (MIRV)”, anunciou relatório.
Os MIRVs são um tipo de carga útil de míssil que consiste em várias ogivas lançadas de um único míssil, cada uma das quais podem deslocar-se independentemente ao seu próprio alvo, uma vez separado do foguete que o lançou em órbita.
Ao todo, o relatório concluiu que a China continuará a expandir e melhorar suas capacidades nucleares na próxima década, à medida que busca integrar suas capacidades nucleares, espaciais e cibernéticas em uma força integrada.
Postura em evolução
O relatório observa que a China mantém uma política de “não ser a primeira a usar”, apesar de seu atual acúmulo de armas nucleares. Essa política afirma que a China nunca será a primeira a usar armas nucleares em conflitos, nem as usará ou fará ameaças de usá-las contra países não nucleares.
Portanto, a política nuclear da China prioriza a capacidade de suas forças sobreviverem a um inicial ataque nuclear adversário.
“A política de armas nucleares da RPC atualmente prioriza a manutenção de uma força nuclear capaz de sobreviver a um primeiro ataque e responder com força suficiente para realizar várias rodadas de contra-ataque, dissuadindo o adversário com a ameaça de danos inaceitáveis à sua capacidade militar, sua população e sua economia”, afirma o relatório.
Mas o apoio a essa posição pode estar mudando entre os militares do regime chinês, o Exército de Libertação do Povo (PLA).
O relatório observa que alguns oficiais do PLA haviam discutido anteriormente o primeiro uso de armas nucleares no caso das forças nucleares do PLA ou o próprio Partido Comunista Chinês serem ameaçados existencialmente.
O relatório também observa que o PLA está implementando a chamada postura de alerta de lançamento.
Isso significa que a China está colocando algumas de suas unidades nucleares em alerta, onde, caso recebam uma denúncia de que uma arma nuclear foi lançada contra eles, imediatamente retaliarão com suas próprias forças nucleares, sem esperar para verificar a veracidade do ataque, esperando uma detonação.
Unidades nucleares dos Estados Unidos e da Rússia têm posições semelhantes.
O relatório também afirma que os estrategistas do PLA provavelmente buscariam evitar uma série prolongada de trocas nucleares contra um adversário superior, embora os documentos do PLA de 2012 explorassem as ramificações das chamadas armas nucleares de “pequeno rendimento” que poderiam ser usadas com mais precisão.
“Essas discussões fornecem a base doutrinária para o uso nuclear limitado no campo de batalha, sugerindo que os estrategistas nucleares da RPC podem estar reconsiderando sua visão de longa data de que a guerra nuclear é incontrolável”, declara o relatório.
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