Por Annie Wu, Epoch Times
As autoridades chinesas estão obrigando muçulmanos uigures a comer carne de porco, beber álcool e celebrar a festa do Ano Novo chinês, segundo a Radio Free Asia (RFA).
Os uigures são uma minoria étnica turca, a maioria dos quais pratica o islamismo e reside na região noroeste da China conhecida como Xinjiang. Tradicionalmente, eles não comemoram o Ano Novo Lunar, e o consumo de carne de porco e álcool é estritamente proibido pelo Islã.
Nos últimos anos, as autoridades chinesas intensificaram a perseguição ao grupo étnico, incluindo a prisão de uigures e o envio para centros de detenção, onde são submetidos a doutrinação política e forçados a renunciar à sua fé. As Nações Unidas estimam que há cerca de um milhão de uigures e outras minorias muçulmanas detidas nos chamados “centros de reeducação profissional”.
Ex-prisioneiros relataram abusos de direitos humanos dentro dos centros, como tortura, injeção de drogas e estupro.
Autoridades locais da prefeitura de Ili Kazaj, em Xinjiang, convidaram os moradores uigures para um jantar de comemoração ao Ano Novo chinês no qual foi servida carne de porco, e ameaçaram mandar os convidados para os “centros de reeducação” se se recusassem a comer, de acordo com um relatório da RFA em 6 de fevereiro.
Outro morador disse à RFA que as tentativas de forçar os muçulmanos a comer carne de porco começaram no final de 2018.
Funcionários da prefeitura percorreram as ruas colando versos de poesia sobre o Ano Novo Lunar nas portas de casas uigures e kazajes e dando-lhes carne de porco, de acordo com uma mulher chamada Kesay, que pertence à minoria kazaje.
“Se não deixamos que eles coloquem os versos ou pendurem lanternas vermelhas, eles dizem que temos duas caras e nos mandam para campos de reeducação”, disse ela.
A recente tentativa de forçar os muçulmanos uigures a desobedecerem a seus princípios religiosos faz parte da campanha do regime chinês para reprimir sua fé. O regime chinês usou a desculpa de estar combatendo o terrorismo e a radicalização religiosa para na verdade perseguir os muçulmanos uigures.
Dilxat Raxit, porta-voz do Congresso Mundial de Uigures, uma organização formada para os uigures no exílio, disse à RFA que eles receberam relatos semelhantes sobre o que estava acontecendo nos lares uigures.
“De acordo com nossas informações, o regime chinês está intensificando sua campanha para assimilar os uigures à cultura chinesa Han”, disse ele. Os chineses Han são o grupo étnico maioritário na China.
Em meio à crítica internacional aos “centros de reeducação”, Shohrat Zakir, presidente do Partido Comunista da região de Xinjiang, fez essas declarações para justificar sua existência.
“Estamos ensinando o idioma nacional comum, as leis e regulamentos para que eles conheçam o país e o mundo, bem como seus direitos, obrigações e deveres legais”, disse Zakir a um pequeno grupo de jornalistas estrangeiros que receberam permissão para visitar os centros no sul de Xinjiang no início de janeiro.
Ele também afirmou que os centros foram construídos para transformar e educar aqueles que o Partido Comunista Chinês considera sob risco de influência das “três forças do mal” do “extremismo, separatismo e terrorismo”.