Por Annie Wu, Epoch Times
A mídia estatal chinesa anunciou entusiasticamente a formação de uma “federação da internet” em 9 de maio, que afirma ser a primeira organização não governamental da China formada por empresas de internet chinesas.
Mas é realmente independente do regime chinês?
O presidente da organização, que conta com 300 membros, é Ren Xianliang, ex-vice-diretor da agência de censura da internet do regime, a Administração do Ciberespaço.
Enquanto isso, os CEOs amigos do regime, Jack Ma da Alibaba — que expressou abertamente seu apoio às políticas do regime chinês — e Pony Ma da Tencent — uma plataforma de mídia social conhecida por cumprir as políticas chinesas de censura e monitoramento – são vice-presidentes da federação.
O que exatamente essa federação faz? De acordo com relatos da mídia estatal, ela procura “implementar seriamente a estratégia e o pensamento de superpotência na internet do [líder chinês] Xi Jinping” e “persiste em ser o guia para o caminho político correto”.
Estes são, sem dúvida, eufemismos para a censura na internet. O regime chinês quer se tornar um líder global em tecnologia da internet, inclusive exportando o modelo chinês de “soberania do ciberespaço”, a ideia de que os governos deveriam determinar o que seus cidadãos podem acessar na internet dentro das fronteiras do país.
Os dissidentes chineses e outros que expressaram opiniões online críticas ao regime chinês foram punidos no passado, quando se afastaram do “caminho político correto”.
A mídia estatal também mencionou que a federação incorporaria “o espírito” de uma conferência de abril sobre segurança na internet, na qual Xi Jinping garantiu o controle do Estado sobre a internet para manter, nas palavras de Xi Jiping, “estabilidade econômica e social”.
O grupo também prometeu promover as atividades dos ramos do Partido Comunista Chinês em suas respectivas empresas de internet. Essas são organizações satélites do Partido instaladas nos locais de trabalho para garantir que as decisões dos funcionários e da empresa acompanhem a linha do Partido.
A nova “federação” é o mais recente método pelo qual o regime chinês procurou recentemente monitorar os fluxos de informação. Uma política entrou em vigor em junho passado, segundo o qual todas as empresas domésticas e estrangeiras na China são obrigadas a armazenar os seus dados em servidores localizados na China.
Em 7 de maio, o popular aplicativo agregador de notícias Jinri Toutiao anunciou que criou um “painel de especialistas” de burocratas, acadêmicos e jornalistas que inspecionarão o conteúdo do aplicativo e denunciarão qualquer coisa considerada inadequada pelas autoridades chinesas.
Outras grandes plataformas como o Sina Weibo (semelhante ao Twitter), Tencent e Youku (semelhante ao YouTube) também estabeleceram esses painéis. A principal agência de censura do regime chinês, a Administração Estatal de Imprensa, Publicação, Rádio, Cinema e Televisão, anunciou esta semana que as três empresas já excluíram mais de 150 postagens “inapropriadas” de vídeo e áudio, e encerraram 40 mil contas.