O ditador da China, Xi Jinping, manifestou em mensagem gravada e divulgada nesta terça-feira o apoio de seu país à integração regional da América Latina e do Caribe, no âmbito da VII Cúpula de Chefes de Estado e de Governo da CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), realizada em Buenos Aires.
“A China atribui grande importância ao desenvolvimento das relações com a CELAC e a considera um parceiro importante para consolidar a unidade entre os países em desenvolvimento e promover a cooperação Sul-Sul”, disse o líder chinês em uma mensagem assistida pelos representantes dos 33 países membros do bloco.
Durante seu discurso, Xi afirmou que a China tem trabalhado ativamente com a região para promover uma “nova era” de relações entre os dois lados, caracterizada pela “igualdade, benefício mútuo, inovação, abertura e o bem-estar do povo”.
“Um número crescente de países da América Latina e do Caribe (ALC) vem estabelecendo ou restabelecendo relações diplomáticas com a China e trabalhando lado a lado com a China na construção da comunidade de futuro compartilhado China-ALC”, declarou.
O líder chinês também saudou a “construção conjunta” da chamada Nova Rota da Seda, o plano multimilionário de infraestrutura global e investimentos promovido por Pequim desde 2013, bem como a participação da região na Iniciativa de Desenvolvimento Global e na Iniciativa de Segurança Global, ambas promovidas pelo gigante asiático.
Xi Jinping enfatizou que os países da América Latina e do Caribe “formam uma parte importante do mundo em desenvolvimento” e são “participantes ativos e contribuintes da governança global”, algo necessário em um mundo que entrou em um “novo período de turbulência e transformação”.
“Estamos prontos para continuar a ser solidários com os países da região e avançar com as mãos fechadas, reforçando os valores humanos comuns de paz, desenvolvimento, igualdade, justiça, democracia e liberdade, promovendo a paz e o desenvolvimento global”, disse.
Dominação da América Latina
A China planeja “dominar” a América Latina: Pequim firma novo acordo para compartilhar tecnologia nuclear, construir redes 5G, desenvolver programas espaciais e injetar empréstimos baratos no quintal da América no que é uma ameaça crescente aos EUA.
Essa é a tradução da manchete publicada pelo jornal Daily Mail, da Inglaterra, em janeiro de 2022. O artigo pontuou o avanço do Partido Comunista Chinês (PCCh) em nosso continente e gerou comoção entre analistas e parte do público.
O acordo citado pelo veículo é o Plano de Ação Conjunta China-CELAC para Cooperação em Áreas Prioritárias. Ele abrange os anos de 2022 a 2024. O regime chinês divulgou em 7 de dezembro de 2022 a notícia da assinatura do documento.
Segundo a reportagem do Daily Mail, no plano de ação Pequim se comprometeu com a construção de redes 5G no continente, entretanto, Washington e o Reino unido já alertaram que essa é uma estratégia empregada pelo PCCh para espionagem.
Outro ponto citado é o voto chinês de construir escolas e financiar o ensino da cultura e do idioma chinês na região. O jornal escreve que instituições da China com esse fim no exterior foram rechaçadas em outros países por impor propaganda do Partido Comunista e restringir a liberdade acadêmica.
Mateo Haydar, da Heritage Foundation, um think tank americano é citado na reportagem. Ele diz: “Existem, absolutamente, planos para a China se tornar a influência dominante na América Latina”, acrescentando que “o desafio é abrangente e certamente há interesse militar e de segurança nisso. […] A ameaça é crescente, e é de um tipo diferente do que vimos com os soviéticos”.
A reportagem ilustra um histórico de décadas de investimento chinês no continente latino-americano – com compra de influência política através de empréstimos bancários, da dominação sistemática de setores estratégicos e de projetos de infraestrutura.
Em mapas, o Daily Mail ilustra o investimento chinês e compara a situação comercial na região entre 2000 e 2019. Na data mais recente, o Partido Comunista Chinês foi capaz de superar os EUA como maior parceiro comercial de várias nações, incluindo o Brasil.
Direitos humanos na China
Apesar das declarações de Xi Jinping, o Partido Comunista Chinês (PCCh) tem governado a China de forma autoritária, com um ditadura de partido único que não respeita a democracia ou a liberdade.
O regime chinês é um dos maiores violadores de direitos humanos do mundo, a perseguição ao grupo espiritual Falun Gong, ou Falun Dafa, reporta violações sem precedentes de direitos humanos, como a extração forçada de órgãos e os campos de concentração e trabalhos forçados.
No final do ano passado, após muita pressão do regime chinês, a questão dos uigures em Xinjiang foi exposta por um relatório da ONU, sendo constatado violações contra os direitos humanos básicos, gerando críticas internacionais, e algumas ações diretas, como a rejeição de produtos produzidos em Xinjiang por parte dos EUA.
Na política de COVID-zero, o PCCh impôs um lockdown tão severo que há relatos de pessoas morrendo de fome ou por impossibilidade de assistência médica. O caso mais notório e que gerou uma onda de protestos foi o da morte de oito pessoas em um incêndio, elas estavam presas devido às restrições sanitárias e o socorro não conseguiu chegar a tempo por conta dessas restrições.
Emmanuele Khouri contribuiu para esta notícia.
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