Um sistema de armas hipersônicas testado pelo regime chinês em julho supostamente lançou um segundo míssil enquanto voava a cinco vezes a velocidade do som, de acordo com um novo informe do Financial Times.
Atualmente não está claro se o segundo míssil era uma arma com destino aéreo ou uma contramedida destinada a evitar que a arma fosse destruída.
Tal tecnologia representa um salto potencial das tecnologias americanas e russas, de acordo com especialistas, e poderia fornecer ao Partido Comunista Chinês (PCC) e seus militares uma vantagem estratégica em caso de guerra.
“Ao demonstrar o lançamento de carga útil pelo HGV [veículo de planagem hipersônico], a China superou os Estados Unidos na obtenção da capacidade de destruição estratégica quase imediata com armas potencialmente não nucleares”, afirmou Risk Fisher, pesquisador sênior do Centro de Avaliação e Estratégia Internacional.
Um HGV é um veículo manobrável que é disparado para o espaço por foguetes e então lançado para planar até seu alvo na atmosfera. Sua capacidade de fazer mudanças repentinas em sua trajetória durante o voo o torna especialmente perigoso, pois é difícil para os sistemas de alerta antecipado detectá-lo com precisão.
“Simplesmente não sabemos como podemos nos defender contra essa tecnologia. Nem a China, nem a Rússia”, declarou o embaixador dos EUA para o desarmamento, Robert Wood, em outubro.
A notícia chega menos de uma semana após a Casa Branca anunciar que buscaria negociações quanto à estabilidade estratégica com a China, em seguida da primeira cúpula entre o presidente Joe Biden e o líder do PCC, Xi Jinping.
De acordo com a reportagem do Financial Times, alguns funcionários do Pentágono ficaram surpresos com a existência de tal capacidade, pois acreditavam que nenhuma nação ainda a havia desenvolvido.
O general John Hyten, vice-presidente da Junta de Chefes de Estado-Maior, afirmou no início de novembro, no entanto, que os militares dos Estados Unidos pesquisaram um sistema semelhante há uma década, mas cancelaram o projeto após dois testes fracassados devido a uma burocracia “brutal” no Pentágono.
Ele também observou que, desde o cancelamento do projeto, os Estados Unidos realizaram um total de nove testes hipersônicos. A China, por sua vez, conduziu centenas.
“Um dígito versus centenas não é um bom lugar”, declarou Hyten.
Hyten também afirma que o hipersônico testado pela China poderia ser destinado a um ataque surpresa à terra natal dos Estados Unidos e sugeriu que se parecia com uma arma nuclear de “primeiro uso”.
Fisher relata que tal arma, com sua capacidade recém-descoberta de lançar múltiplas cargas durante o voo hipersônico, era perigosa com ou sem uma ogiva nuclear.
“A China poderá, em breve, ser capaz de destruir nossas duas principais bases de submarinos nucleares balísticos e nossas cinco principais bases de bombardeiros em 40 minutos com armas não nucleares”, afirmou Fisher.
“Se tal ataque precedesse uma guerra geral chinesa para conquistar Taiwan e destruir sua democracia, os EUA seriam forçados a escolher entre iniciar uma guerra nuclear que causaria muito mais destruição aos americanos do que aos chineses, abrindo caminho para a hegemonia global do comunismo chinês, ou rendendo-se no Estreito de Taiwan, perdendo suas alianças e criando um segundo caminho para a hegemonia do regime chinês”, acrescentou Fisher.
Os testes ocorrem em meio a um esforço sem precedentes do Partido Comunista Chinês para modernizar e expandir seu arsenal nuclear. Um relatório do Pentágono estimou que o PCC acumularia 1.000 ogivas nucleares até 2030.
Alguns especialistas acreditam que o aprofundamento das capacidades nucleares da China não pretende iniciar uma guerra nuclear, mas dar cobertura a conflitos convencionais, como a invasão de Taiwan. Em tal cenário, o arsenal nuclear da China poderia ser usado para dissuadir os Estados Unidos a engajar em um conflito na defesa de seus parceiros, afirmam.
Para Fisher, a capacidade do regime chinês de lançar ataques surpresa em qualquer lugar da terra natal dos EUA com armas hipersônicas é um risco com o qual os Estados Unidos simplesmente não conseguem sobreviver.
“Os americanos enfrentam uma escolha existencial que ainda não foi reconhecida por seus líderes”, declarou Fisher.
Entre para nosso canal do Telegram
Assista também: