O Exército da Libertação Popular (ELP), as forças armadas do Partido Comunista Chinês, anunciou recentemente um avanço num programa de armas-chave que pode mudar a natureza da guerra.
Cientistas chineses afirmam ter tido um sucesso inesperado no desenvolvimento de uma arma de micro-ondas de alta potência (MOAP), de acordo com The Diplomat. A revista observa que em janeiro, Huang Wenhua, vice-diretor do Instituto Noroeste de Tecnologia Nuclear da China, foi premiado por sua pesquisa sobre energia direcionada, que as armas MOAP usam.
Os sistemas MOAP são capazes de destruir equipamentos eletrônicos; e, numa época em que a maioria dos sistemas de combate – desde tanques a aviões, rádios e satélites – dependem da eletrônica, as armas poderiam mudar a maneira como as guerras são travadas. Navios de guerra serão equipados com armas MOAP para interceptar mísseis.
O projeto MOAP, ao lado de outros projetos envolvendo lasers e pulsos eletromagnéticos, faz parte do programa “Maça Assassina” do regime chinês, projetado para derrotar um adversário tecnologicamente superior ao desativar ou destruir a tecnologia que torna o oponente superior.
Michael Pillsbury, consultor do Pentágono, escreveu em seu livro recente “A Maratona de Cem Anos“, que a primeira vez que os Estados Unidos perderam um jogo de guerra simulado foi quando sua equipe foi convidada a usar as armas da Maça Assassina da China como oposição.
Ele escreveu que nos exercícios, “sempre que a equipe da China usava táticas e estratégias convencionais, os EUA ganharam decisivamente. No entanto, em todos os casos em que a China empregou métodos da Maça Assassina, a China foi a vencedora.”
De acordo com Richard Fisher, membro sênior do Centro Internacional de Avaliação e Estratégia, os novos desenvolvimentos do regime chinês vão além do programa Maça Assassina e representam uma mudança fundamental em direção aos “conceitos de guerra de quinta geração”.
Isso significa uma mudança para as áreas da guerra cibernética, guerra eletrônica e guerra espacial, usando armas autônomas.
A chave para esta mudança, disse ele, é a nova divisão dos militares chineses, a Força de Apoio Estratégico, introduzida em dezembro de 2015. Fisher disse que a nova divisão introduz e combina novas armas nas forças armadas e exemplifica “a militarização de amplas capacidades de informação, além da militarização do espaço”.
A ideia de guerra espacial, em particular, foi um tema central durante a Guerra Fria. Os Estados Unidos, o Reino Unido e a União Soviética assinaram o Tratado do Espaço Exterior em 1967, que agora é ratificado por 105 países. O tratado estabeleceu normas sobre o uso do espaço exterior e proibiu qualquer nação de colocar ogivas nucleares no espaço.
O que o programa não proibiu, no entanto, foi o uso de armas convencionais no espaço, e a China, em particular, tem desenvolvido armas destinadas a destruir ou desativar satélites, que são o calcanhar de Aquiles das forças militares dos EUA.
O National Interest, uma mídia de assuntos internacionais, informou em 10 de março que “os militares da China estão desenvolvendo lasers poderosos, canhões eletromagnéticos e armas de micro-ondas de alta potência para uso numa futura ‘guerra sutil’ envolvendo ataques espaciais a satélites”.
A matéria cita um jornal militar chinês de 2013, no qual pesquisadores revelaram a ideia de colocar um laser químico de cinco toneladas em órbita terrestre baixa. Eles escreveram que “em guerras futuras, o desenvolvimento de armas ASAT [antissatélite] é muito importante” e que “o sistema de armas-laser baseado no espaço será um dos principais projetos de desenvolvimento ASAT”.
O artigo do Diplomat informou em 11 de março que os desenvolvimentos da China em armas de micro-ondas de alta potência “minariam a eficácia dos mísseis mais avançados dos EUA” e “suas aplicações também poderiam incluir seu uso como uma arma antissatélite (ASAT) ou incorporação em mísseis, a fim de superar as defesas aéreas inimigas”.
Fisher disse que, usando a plataforma de laser baseada no espaço, a China “realizaria o sonho da iniciativa de defesa estratégica de Ronald Reagan”, uma vez que lhes confere um sistema de defesa em grande escala que poderia interceptar ogivas.
Fisher disse que, em geral, a ameaça dos sistemas de armas de quinta geração está crescendo, e que a doutrina militar chinesa e os desenvolvimentos estão dando um impulso significativo nessa direção.
Com esse planejado sistema de laser, em particular, ele disse que num cenário de guerra com a China, eles poderiam “derrubar todos os nossos satélites que usamos voltamos para a China, para nos comunicar com nossas forças e para conduzir vigilância óptica ou eletrônica. Rapidamente, poderíamos ficar cegos e vulneráveis aos ataques chineses; e se lançássemos nossos próprios ataques, esses lasers poderiam derrubar as ogivas.”
Fisher disse que este sistema iria muito além do sistema de mísseis antibalísticos conhecido como THAAD, ou Terminal High Altitude Defence Area, que os Estados Unidos estão atualmente implantando na Coreia do Sul.