China exige que toda empresa listada publicamente no país tenha escritórios do Partido Comunista

21/06/2018 14:43 Atualizado: 25/06/2018 15:22

Por Annie Wu, Epoch Times

Em sua mais recente tentativa de consolidar ainda mais a ideologia comunista em todas as facetas da sociedade, o Partido Comunista Chinês está agora determinando que todas as empresas de capital aberto no país estabeleçam organizações do Partido para seus funcionários.

Organizações partidárias são criadas no local de trabalho para garantir que as decisões do pessoal e do empreendimento sigam a linha do Partido. Normalmente, elas também são responsáveis ​​pelos sindicatos dos empregados.

Em 15 de junho, a Comissão Reguladora de Seguros da China publicou a atualização de um conjunto de diretrizes para a gestão de empresas de capital aberto, que chama de “empresas com características chinesas”, uma referência à forma como o Partido Comunista Chinês classifica seu regime como “socialismo com características chinesas”. Isso é frequentemente usado para explicar como a China permitiu que alguns aspectos do capitalismo e da economia de mercado existissem, apesar da cartilha comunista que denunciava esses elementos “burgueses”.

Essas diretrizes que determinam que “as regras relativas ao trabalho de construção do Partido Comunista Chinês sejam escritas nos estatutos das empresas” confirmaram o fato de que as empresas privadas na China ainda estão submissas às demandas do Partido e não são verdadeiramente privadas.

No ano passado, a mídia estatal chinesa estimou que cerca de 70% das 1,86 milhão de empresas privadas na China haviam estabelecido organizações partidárias.

Até mesmo joint ventures estrangeiras estão sujeitas a essas regras. Cerca de 70% das empresas estrangeiras, ou 106 mil, estabeleceram filiais do Partido Comunista Chinês, disse um funcionário do Departamento de Organização do Partido, Qi Yu, em outubro último no conclave crítico do Partido, o 19º Congresso Nacional.

Enquanto as empresas estão sempre ansiosas para agradar o regime chinês e fazer o que ele demanda para assim evitar problemas e continuar tendo acesso ao mercado do país, a economista chinesa independente He Qinglian disse que prometer lealdade não é suficiente, como visto nos casos recentes da queda de vários grandes conglomerados depois que o regime chinês foi atrás deles.

Por exemplo, Wu Xiaohui, ex-presidente do maior conglomerado de seguros da China, Anbang, foi recentemente condenado a 18 anos de prisão, em meio à campanha do regime chinês para reduzir o risco financeiro e coibir a saída de capital do país. A Anbang fez várias aquisições massivas no exterior, incluindo o hotel Waldorf Astoria em Nova York.

Enquanto isso, o bilionário e fundador do Tomorrow Group, Xiao Jianhua, desapareceu, supostamente sob a custódia das autoridades chinesas para investigação.

Ye Jianming, ex-presidente do CEFC, um dos maiores conglomerados de energia da China, também está sendo investigado. Todos esses executivos supostamente têm ligações com funcionários-chave pertencentes a uma facção de oposição no Partido Comunista Chinês.

“Só porque você se tornou um membro do Partido, usa o uniforme do ‘Exército Vermelho’ e prometeu ao Partido sua lealdade, isso não significa que você estará livre de ser investigado. Quando [as autoridades centrais] quiserem investigar você, elas farão exatamente isso”, disse He Qinglian à Voz da América numa reportagem de 16 de junho. A Sra. He Qinglian estava se referindo às recentes manchetes na mídia chinesa que divulgaram que Pony Ma, CEO da gigante chinesa de tecnologia Tencent, e Liu Qiangdong, fundador da JD.com, um website de varejo eletrônico na China, apareceram vestindo o uniforme dos Guardas Vermelhos da era da Revolução Cultural durante uma viagem a Yan’an, a sede do Partido Comunista Chinês durante a guerra civil chinesa.