O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, em sua primeira viagem oficial à Austrália para o QUAD Security Dialogue, afirmou que a China está buscando instituir uma nova ordem mundial caracterizada pelo iliberalismo que lhe permitirá dominar o mundo.
Falando ao jornal The Australian em uma entrevista exclusiva, Blinken afirmou que nos últimos anos o mundo viu a China se tornar mais agressiva internacionalmente e mais repressiva internamente.
“Na minha opinião, há pouca dúvida de que a ambição da China ao longo do tempo é ser a principal potência militar, econômica, diplomática e política não apenas na região, mas no mundo”, declarou o secretário de Estado. “O que vimos nos últimos anos é a China agindo de forma mais repressiva em casa e de forma mais agressiva na região”.
Ele enfatizou que acredita que é importante para países como Austrália, Estados Unidos e outras nações que pensam parecido, resistir a esse comportamento e observou que essas nações estavam defendendo uma ordem positiva e liberal.
Ele reiterou esse ponto na reportagem das 7:30 da Australian Broadcasting Corporation (ABC), relatando que os aliados estão focados em defender as normas, regras e valores que unem o mundo em uma ordem baseada em regras.
“O que estamos fazendo é defender as normas, as regras, os padrões, os valores que… nos unem. Portanto, não se trata de se opor a ninguém em particular; trata-se de defender uma ordem baseada em regras, certificando-se de que defendemos essas regras e princípios se forem desafiados”, afirmou Blinken.
“Porque é exatamente isso que sustentou a paz, a segurança e as oportunidades para as pessoas por décadas. Então, quando isso está sendo desafiado, temos a obrigação de nos levantar.”
Os comentários de Blinken decorrem do agradecimento do secretário de Estado ao primeiro-ministro da Austrália, Scott Morrison, por sua liderança na formação do QUAD, no início do diálogo na sexta-feira.
“Agradecemos não apenas sua hospitalidade em nos reunir, mas sua liderança no avanço do Quad nos últimos meses e demonstrando que nossas quatro democracias se unindo podem produzir resultados construtivos e concretos para todo o nosso povo – e realmente, além”, declarou ele.
“As pessoas merecem viver livremente. Os países merecem ter a liberdade de trabalhar em conjunto e associar-se com quem escolherem. E juntos, podemos demonstrar que somos eficazes em trazer benefícios a todas as nossas pessoas. Esse é o espírito com o qual estamos conduzindo isso e somos gratos pela liderança da Austrália.”
A visita de Blinken ocorre em meio a revelações do chefe do serviço de inteligência da Austrália, diretor-geral da ASIO, Mike Burgess, de que o partido de oposição da Austrália, o Partido Trabalhista Australiano (ALP), foi alvo de Pequim para instalar candidatos da Manchúria do estado de Nova Gales do Sul para o governo australiano durante as próximas eleições federais.
Burgess afirmou que a agência de espionagem interrompeu a trama e que ele havia informado tanto Morrison quanto ao líder da oposição do ALP, Anthony Albanese.
Albanese declarou à ABC, no dia 11 de fevereiro, que havia falado com Burgess naquele dia e Burgess havia “reafirmado” que nenhum dos potenciais candidatos trabalhistas que haviam sido alvo do Partido Comunista Chinês (PCCh) foi pré-selecionado pelo partido para concorrer à eleição.
Além disso, Albanese expôs que Burgess “não levantou preocupações sobre nenhum dos meus candidatos” na eleição federal – que ainda não foi convocada.
O ALP tem uma conexão histórica com o PCCh, com o líder trabalhista mais antigo, Gough Whitlam, sendo um dos primeiros líderes políticos ocidentais a se encontrar com o primeiro-ministro do regime comunista Zhou Enlai, na China em 1971, pouco antes da visita do conselheiro de segurança nacional dos EUA, Henrique Kissinger.
Segundo o Dr. Stephan FitzGerald, do Instituto Whitlam, a visita de Whitlam abriu o caminho para as relações diplomáticas e a retomada do comércio internacional com a China, além de influenciar a forma como a Austrália interagiu com o PCCh e a China.
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