Uma reportagem do jornal francês Le Monde revelou recentemente que o regime chinês transferiu secretamente dados da sede da União Africana (UA) para um servidor em Xangai, na China.
A sede da União Africana está localizada em Addis Abeba, na Etiópia. O edifício, que custou US$ 200 milhões, foi construído e financiado pelo regime chinês como um presente. Ele foi inaugurado em janeiro de 2012.
Descobriu-se que backdoors, ou vulnerabilidades de acesso, foram instaladas nos computadores do prédio, que transferem dados, incluindo informações confidenciais, para um servidor chinês a cada noite, de acordo com uma reportagem do Le Monde publicada em 26 de janeiro, citando fontes anônimas na União Africana.
Não foi até janeiro de 2017 que uma equipe decidiu investigar algo incomum: todas as noites entre a meia-noite e 2h da madrugada, as taxas de uso de dados aumentavam significativamente, embora o prédio estivesse praticamente vazio.
“De acordo com várias fontes dentro da União Africana, é possível que todas as informações sensíveis tenham sido sujeitas à vigilância da China”, relatou Le Monde.
Após a descoberta, o sistema de tecnologia da informação (TI) do edifício mudou seus servidores e a equipe começou a usar comunicações criptografadas. Em julho de 2017, especialistas da Argélia também foram enviados para varrer o edifício em busca de microfones ocultos, que eles encontraram embaixo das mesas e dentro das paredes.
Em 29 de janeiro, durante a cimeira anual da União Africana em Addis Abeba, autoridades chinesas e africanas que se reuniram lá negaram a reportagem do Le Monde, de acordo com a Reuters.
O embaixador da China na União Europeia, Kuang Weilin, chamou o artigo de “ridículo e absurdo”.
O presidente ruandês Paul Kagame, que assumiu a presidência da União Africana este ano, disse que não tinha conhecimento da vigilância do regime chinês.
“Eu não acho que haja algo feito aqui que não gostaríamos que as pessoas soubessem”, disse ele a jornalistas após uma reunião de chefes de Estado africanos. “Eu não me preocuparia em ser espionado neste edifício.”
Desde a década de 1990, a China realizou investimentos significativos em países africanos para adquirir matérias-primas, mas as Nações Unidas levantaram questões sobre se isso beneficiou os países africanos. A China também tentou influenciar a região por meio de iniciativas de poder brando como o estabelecimento de Institutos Confúcio em todo o continente para promover a agenda do regime chinês.
Colaborou: Reuters
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