China diz que Rússia participará de exercícios militares no Pacífico

O secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, dias antes pediu a Pequim que cessasse seu apoio à Rússia.

Por Dorothy Li
10/09/2024 20:24 Atualizado: 10/09/2024 20:24
Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.

Forças navais e aéreas da China e da Rússia realizarão outro conjunto de exercícios conjuntos este mês, segundo o Ministério da Defesa da China, fortalecendo a parceria entre os dois vizinhos que, segundo alguns analistas, é baseada em um adversário comum: os Estados Unidos.

A operação conjunta acontecerá no ar e nas águas ao redor do Mar do Japão e do Mar de Okhotsk, conforme informado em uma declaração online do ministério em 9 de setembro, sem fornecer mais detalhes. A operação, que será realizada de acordo com um plano anual, visa aprofundar “o nível de coordenação estratégica” entre os militares chineses e russos e “aumentar a capacidade conjunta de resposta a ameaças à segurança”, acrescentou o ministério.

A cooperação militar entre os dois países se intensificou nos últimos anos. Em julho, os dois países realizaram exercícios de tiro real no Mar do Sul da China. O ministério da defesa chinês anunciou em 9 de setembro que Pequim conduziria seu quinto cruzeiro marítimo com as forças navais russas no Pacífico e participaria do exercício militar russo “Oceano-2024”, sem dar mais detalhes.

Dias antes do anúncio, o secretário-geral da OTAN, Jens Stoltenberg, pediu à China que parasse de apoiar a Rússia.

“A China se tornou um facilitador decisivo da guerra da Rússia contra a Ucrânia”, disse Stoltenberg em uma coletiva de imprensa em 6 de setembro, em Oslo. “A China é quem possibilita a produção de muitas das armas que a Rússia usa.”

O Partido Comunista Chinês (PCCh) rejeitou a crítica de ser um “facilitador” e tem se empenhado em se posicionar como um ator neutro ao longo da guerra, que começou em 24 de fevereiro de 2022. No entanto, semanas antes do início do conflito, o líder do PCCh, Xi Jinping, e o presidente russo, Vladimir Putin, realizaram uma reunião em Pequim, no início das Olimpíadas de Inverno, e declararam uma parceria “sem limites” entre seus países.

Embora o PCCh tenha prometido não enviar armas para a Rússia, os Estados Unidos e seus aliados da OTAN afirmam que Pequim está enviando ferramentas mecânicas, chips e outros materiais de uso tanto civil quanto militar para ajudar a reconstruir o setor de defesa de Moscou. A China também fortaleceu a economia da Rússia comprando petróleo e outros bens. Segundo dados da alfândega chinesa, o comércio bilateral entre os dois países atingiu um recorde histórico de US$ 240,1 bilhões no ano passado, um aumento de 25% em relação ao ano anterior.

Em 9 de setembro, o Ministério das Relações Exteriores da China anunciou que seu principal diplomata, Wang Yi, visitará São Petersburgo, na Rússia, nesta semana para participar de uma reunião de segurança do BRICS.

O apoio da China à Rússia tornou-se um ponto de discórdia em suas relações com os Estados Unidos e a União Europeia, seus principais parceiros comerciais. Apesar disso, analistas duvidam que o PCCh interrompa sua assistência à Rússia, já que se beneficia da guerra.

Um dos maiores ganhos de Pequim é a mudança no foco e nos recursos dos Estados Unidos para longe da região Ásia-Pacífico, segundo Eugene Rumer, ex-oficial de inteligência dos EUA e diretor do Programa de Rússia e Eurásia no Carnegie, um think tank com sede em Washington.

“Os Estados Unidos tiveram que desviar recursos militares, capital político e o tempo de seus principais formuladores de políticas, enquanto a demanda inesperada da Europa por recursos dos EUA desencadeou divisões políticas internas”, escreveu Rumer em um estudo publicado pelo Carnegie em 3 de setembro. “Em vez de se concentrar na China como a ‘ameaça principal’, os formuladores de políticas dos EUA agora têm que lidar com possíveis contingências futuras, simultâneas, na Europa e na Ásia-Pacífico.”

De acordo com Rumer, a parceria fechada entre China e Rússia se baseia em uma “fundação sólida”.

“Dois fatores — políticas domésticas autoritárias compartilhadas e relações adversas com os Estados Unidos — são os mais importantes”, disse Rumer.