Um funcionário chinês do alto escalão disse no sábado (21) que Pequim continua dialogando com o regime norte-coreano, apesar de ter imposto até agora fortes sanções ao seu vizinho comunista.
A China representa um bote salva-vidas para Pyongyang, que depende do gigante asiático para 90% do seu comércio. Mas sob a pressão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que pretende desnuclearizar a Coreia do Norte, o líder chinês Xi Jinping concordou em aumentar a pressão sobre o regime ditatorial.
Pequim foi além das sanções aprovadas no mês passado pelo Conselho de Segurança da ONU, que limitam as importações de produtos têxteis e outros produtos da Coreia do Norte, e limitam a quantidade de petróleo que pode ser vendido ao país.
O Banco Central da China também instruiu os bancos chineses a deixar de prestar serviços financeiros ao regime de Kim Jong-un. Além disso, as autoridades chinesas fizeram às empresas norte-coreanas que operam no país um ultimato para que encerrem as atividades em 120 dias.
No entanto, Guo Yezhou, vice-diretor do departamento internacional do Partido Comunista Chinês, disse que as duas nações comunistas mantêm o diálogo.
“A China e a Coreia do Norte são vizinhas e ambas têm uma relação de cooperação amigável tradicional”, disse Guo.
O departamento internacional da China é encarregado das relações do Partido com partidos políticos estrangeiros e tradicionalmente serviu de canal de comunicação para a diplomacia chinesa com a Coreia do Norte.
O presidente Trump tem agendada uma visita à Ásia no próximo mês, incluindo a Coreia do Sul e a China.
O esperado é que Trump aumente a pressão sobre a China para que ela também imponha ainda mais força na pressão exercida contra a Coreia do Norte.
O presidente norte-americano busca uma solução diplomática para a crise nuclear norte-coreana, confiando em parte em que a China incremente as sanções econômicas contra a Coreia do Norte.
Ao mesmo tempo, Trump ordenou que seus oficiais do Exército elaborem opções militares detalhadas para um conflito armado com o regime de Kim Jong-un.
O presidente esclareceu que, embora os Estados Unidos tenham paciência, se forem forçados a se defender ou a defender seus aliados contra Pyongyang, podem destruir completamente o país asiático.
A ameaça da força militar também serve para pressionar a Coreia do Norte para a mesa de negociação.
Jack Keane, general aposentado de quatro estrelas e ex-chefe do Estado Maior do Exército dos Estados Unidos, enfatizou que essas opções militares do governo Trump estão tornando a solução diplomática mais realista.
“A equipe de Trump entende que a ameaça da força militar fortalece a opção diplomática. O principal esforço é a diplomacia e as sanções econômicas”, disse Keane em entrevista para a Fox Business.
A China está realizando o seu 19º Congresso Nacional do Partido, no qual ficou claro que Xi continuará a liderar o Partido Comunista Chinês nos próximos cinco anos.
Um funcionário disse à agência Reuters que o presidente Trump acredita que Xi deveria ter ainda mais força para trabalhar no problema norte-coreano.
Desde que Xi se tornou líder do Partido em 2013, as relações com a Coreia do Norte esfriaram. Xi não viajou para a Coreia do Norte, mas visitou o inimigo jurado do Norte, a Coreia do Sul.
As relações entre a China e a Coreia do Norte floresceram sob a liderança do ex-líder do Partido Comunista Chinês, Jiang Zemin. Embora Jiang esteja oficialmente fora do poder desde 2003, ele tem influenciado as políticas nacionais e internacionais da China por meio de seus fiéis seguidores nos mais altos escalões de governo.
Isso tornou mais difícil para Xi tomar medidas mais fortes contra a Coreia do Norte e resolver alguns dos piores problemas sociais da China, como a perseguição contínua contra 100 milhões de cidadãos chineses que praticam o Falun Dafa, uma disciplina espiritual tradicional chinesa. A perseguição foi iniciada pessoalmente por Jiang em 1999 e continua até hoje.
Trump quer a colaboração séria da China para persuadir Pyongyang a mudar de opinião ou então ajudar a privá-lo de tantos recursos que não terá escolha senão mudar seu comportamento, acrescentou o funcionário.
Em uma entrevista com María Bartiromo, da Fox Business Network, Trump disse que quer “manter as coisas muito, muito discretas” com Xi até que o líder chinês saia fortalecido do Congresso do Partido.
“Creio que ele tem o poder de fazer algo muito significativo em relação à Coreia do Norte. Veremos o que acontece. Estamos preparados para qualquer coisa. Estamos mais preparados do que você pode imaginar”, disse Trump na entrevista de domingo.
Colaborou: Agência Reuters
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