China declara querer aumentar ‘dissuasão nuclear’ para conter EUA e Rússia

01/02/2018 15:58 Atualizado: 03/02/2018 20:52

A China quer aumentar suas capacidades nucleares para se defender adequadamente, anunciou o jornal porta-voz dos militares chineses, o Diário do Exército da Libertação Popular (ELP).

O Diário do ELP publicou um artigo de comentário em 30 de janeiro, aparentemente em reação a um documento do Departamento de Defesa dos EUA, vazado para o Huffington Post no início deste mês, o qual a mídia chinesa citou.

O documento era um esboço da Revisão da Postura Nuclear de 2018 do Departamento de Defesa, em que foram feitas recomendações para aumentar as armas nucleares de “baixa potência”. O lançamento da versão final do documento deverá ocorrer em fevereiro.

Esta notícia pareceu ter provocado o regime chinês à ação. O artigo do Diário do ELP detalhou a última tecnologia de armas nucleares americana e russa e mencionou exemplos de exercícios militares em ambos os países. “Essas são as formas mais diretas e mais eficazes para demonstrar suas capacidades de dissuasão nuclear”, diz o artigo.

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No final, o artigo concluiu que, em face das estratégias nucleares dos dois países, a China também precisava “aumentar e fortalecer as capacidades confiáveis ​​de dissuasão nuclear e contra-ataque”, para “apoiar o status de nosso país como um grande poder e proteger nossa segurança nacional”.

De acordo com Campanha Internacional para Abolir Armas Nucleares (ICAN, na sigla em inglês), a China atualmente tem 270 ogivas em seu arsenal nuclear, em comparação com 6.800 nos Estados Unidos e 7.000 na Rússia.

O arsenal nuclear da China acumulou-se de forma constante ao longo dos anos, assim com sua capacidade de empregar armas nucleares por terra, mar e ar.

A julgar pelo último anúncio do ELP, o regime agora parece ansioso para ampliar seu arsenal nuclear.

China, dissuasão nuclear, Estados Unidos, Rússia, corrida armamentista - A Equipe Bayi de Acrobacia Aérea da China faz uma exibição nos céus durante Dia da Aviação da Força Aérea do Exército da Libertação Popular na cidade de Changchun, Nordeste da China, em 13 de agosto de 2017 (STR/AFP/Getty Images)
A Equipe Bayi de Acrobacia Aérea da China faz uma exibição nos céus durante Dia da Aviação da Força Aérea do Exército da Libertação Popular na cidade de Changchun, Nordeste da China, em 13 de agosto de 2017 (STR/AFP/Getty Images)

Esta notícia também ocorre em meio a maiores tensões com a China sobre suas práticas comerciais injustas, como o roubo de propriedade intelectual, pelo qual o presidente norte-americano Donald Trump expressou que planeja punir a China.

Esta não é a primeira vez que os militares chineses flexionam seus músculos sobre a questão nuclear. Em 2005, o major-general do ELP, Zhu Chenghu, ameaçou diretamente os Estados Unidos diante de jornalistas numa coletiva de imprensa. Ele disse que se os EUA decidissem ajudar Taiwan, a China não teria receio de retaliar com um ataque nuclear. “O povo chinês estará preparado para que as cidades a leste de Xi’an sejam obliteradas, mas os americanos também terão que se preparar para centenas de cidades que serão destruídas por nós”, disse ele.

O sentimento ecoou o discurso do ex-líder do Partido Comunista Chinês, Mao Tsé-tung, proferido em Moscou durante um encontro internacional com membros do Partido Comunista e dos Trabalhadores em 1957. Ele disse que, mesmo que um terço da população mundial fosse morto numa guerra nuclear, valeria a pena, o capitalismo seria destruído e o socialismo seria vencedor.

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