A China quer aumentar suas capacidades nucleares para se defender adequadamente, anunciou o jornal porta-voz dos militares chineses, o Diário do Exército da Libertação Popular (ELP).
O Diário do ELP publicou um artigo de comentário em 30 de janeiro, aparentemente em reação a um documento do Departamento de Defesa dos EUA, vazado para o Huffington Post no início deste mês, o qual a mídia chinesa citou.
O documento era um esboço da Revisão da Postura Nuclear de 2018 do Departamento de Defesa, em que foram feitas recomendações para aumentar as armas nucleares de “baixa potência”. O lançamento da versão final do documento deverá ocorrer em fevereiro.
Esta notícia pareceu ter provocado o regime chinês à ação. O artigo do Diário do ELP detalhou a última tecnologia de armas nucleares americana e russa e mencionou exemplos de exercícios militares em ambos os países. “Essas são as formas mais diretas e mais eficazes para demonstrar suas capacidades de dissuasão nuclear”, diz o artigo.
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No final, o artigo concluiu que, em face das estratégias nucleares dos dois países, a China também precisava “aumentar e fortalecer as capacidades confiáveis de dissuasão nuclear e contra-ataque”, para “apoiar o status de nosso país como um grande poder e proteger nossa segurança nacional”.
De acordo com Campanha Internacional para Abolir Armas Nucleares (ICAN, na sigla em inglês), a China atualmente tem 270 ogivas em seu arsenal nuclear, em comparação com 6.800 nos Estados Unidos e 7.000 na Rússia.
O arsenal nuclear da China acumulou-se de forma constante ao longo dos anos, assim com sua capacidade de empregar armas nucleares por terra, mar e ar.
A julgar pelo último anúncio do ELP, o regime agora parece ansioso para ampliar seu arsenal nuclear.
Esta notícia também ocorre em meio a maiores tensões com a China sobre suas práticas comerciais injustas, como o roubo de propriedade intelectual, pelo qual o presidente norte-americano Donald Trump expressou que planeja punir a China.
Esta não é a primeira vez que os militares chineses flexionam seus músculos sobre a questão nuclear. Em 2005, o major-general do ELP, Zhu Chenghu, ameaçou diretamente os Estados Unidos diante de jornalistas numa coletiva de imprensa. Ele disse que se os EUA decidissem ajudar Taiwan, a China não teria receio de retaliar com um ataque nuclear. “O povo chinês estará preparado para que as cidades a leste de Xi’an sejam obliteradas, mas os americanos também terão que se preparar para centenas de cidades que serão destruídas por nós”, disse ele.
O sentimento ecoou o discurso do ex-líder do Partido Comunista Chinês, Mao Tsé-tung, proferido em Moscou durante um encontro internacional com membros do Partido Comunista e dos Trabalhadores em 1957. Ele disse que, mesmo que um terço da população mundial fosse morto numa guerra nuclear, valeria a pena, o capitalismo seria destruído e o socialismo seria vencedor.
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