A China está construindo um sistema de vigilância submarina que pode frustrar a vantagem marítima dos EUA na região da Ásia-Pacífico.
O “Projeto Grande Muralha Submarina”, como é chamado, propõe uma rede de navios e sensores submarinos capazes de realizar “localização em tempo real, detecção de superfície e de alvos submarinos”, segundo a empresa China State Shipbuilding Corporation (CSSC).
A CSSC compartilhou detalhes sobre o projeto em seu estande numa exposição pública no final de 2015 na China. Uma tradução da descrição foi obtida pela IHS Jane’s, uma publicação britânica especializada em defesa, segurança, aeroespaço e inteligência de transporte.
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A rede “pode corroer significativamente a vantagem militar submarina que os EUA e os submarinos russos possuem, e contribuir grandemente para a futura capacidade chinesa de controlar o Mar do Sul da China”, escreveu IHS Jane’s num artigo de 17 de maio.
A China está exercitando seus músculos no Mar do Sul da China, reivindicando vastos territórios também disputados por países vizinhos que dependem dos Estados Unidos para proteção militar. Particularmente desconcertantes foram as ações mais recentes da China de construir instalações militares avançadas numa ilha artificial que a nação comunista criou na região das Ilhas Spratly, localizadas entre as Filipinas, Malásia e Vietnã.
O projeto de vigilância submarina se assemelha ao sistema de vigilância sonora (SOSUS) dos Estados Unidos, que está em operação desde a década de 1950, incialmente com a função de detectar submarinos soviéticos.
O plano chinês foi descrito em maior detalhe num artigo no final de 2015 no China Ocean News, uma publicação patrocinada pela Administração Estatal Oceânica da China.
Desde 2010, a China investiu mais de 44 milhões de dólares em sistemas de vigilância submarina em sua costa sul, que faz fronteira com o Mar do Sul da China.
Mas essas iniciativas têm enfrentado problemas, incluindo falta de coordenação, duplicação de trabalho e desperdício de recursos, entre outros problemas, afirmou o artigo.
“E declara enfaticamente, além disso, que as ambições da China com seu sistema de observação submarina não podem se restringir a suas águas costeiras, mas que seria apropriado implantá-lo em todas as áreas oceânicas que envolvem os interesses nacionais chineses”, escreveu Lyle J. Goldstein, professor-associado do Instituto de Estudos do Mar da China na Escola de Guerra Naval dos EUA, em sua análise do artigo do China Ocean News.
De maneira geral, o projeto não se limitaria às águas sob a jurisdição da China, mas também se expandiria para águas profundas, regiões costeiras, ilhas remotas e canais para “estabelecer as bases para futuras expansões”.