A cantora pop Katy Perry ia se apresentar no Victoria’s Secret Fashion Show em Xangai, na China, mas o regime chinês mudou de ideia e cancelou seu visto.
Os organizadores do Victoria’s Secret, que estão na China tentando organizar o concorrido show, queixam-se de que a nação anfitriã está espionando suas comunicações.
“Os organizadores precisam conversar sobre o que está acontecendo quanto aos termos de substituição de vistos negados e arranjos alternativos para o show, mas ao mesmo tempo precisam ficar quietos porque parece que o regime chinês está lendo seus e-mails”, disse uma fonte ao site de notícias Page Six.
Perry deveria cantar no evento programado do Victoria’s Secret (VS) em 20 de novembro, então nem Perry nem VS receberam muitos avisos.
A princípio, a cantora mundialmente famosa foi informada de que era bem-vinda, mas depois de vasculhar suas redes sociais, os censores do regime acharam uma foto da cantora americana usando um vestido adornado com girassóis em um show em Taipei, Taiwan, em 2015.
O Partido Comunista Chinês (PCC) é muito sensível a qualquer um que questione seu direito de governar o país que conquistou em uma revolução há quase 70 anos atrás. Alguns grupos anti-PCC adotaram o girassol como símbolo de seu desejo de reconquistar a liberdade para a China.
O vestido por si só já poderia ter sido motivo para a revogação do visto da cantora, mas ela foi mais longe. Durante sua apresentação em Taipei, ela se cobriu com a bandeira da República da China — governo legítimo que o PCC expulsou da China no momento da revolução.
Embora seu gesto tenha cativado os fãs taiwaneses, por outro lado, para os censores do PCC isso foi considerado totalmente inaceitável.
“Inicialmente, ela recebeu um visto para se apresentar no show do Victoria’s Secret em Xangai, mas depois os funcionários do regime chinês voltaram atrás e tiraram seu visto”, disse uma fonte ao Page Six.
“Para todo artista que quer se apresentar na China, as autoridades verificam suas redes sociais e notícias na mídia para ver se fizeram algo considerado ofensivo ao país”.
Victoria’s Secret contratou outro artista, Harry Styles da One Direction, para substituir Perry.
I’m so bummed I won’t be able to make it to China this year. Love my VS family, and will be with all my girls in spirit!! Can't wait to tune in with everyone to see the beautiful show I know it will be, and already can't wait for next year! 🙂 x
— Gigi Hadid (@GiGiHadid) 16 ноября 2017 г.
Modelos e mídia também são rejeitados
Katy Perry não é a única artista que já se deparou com a censura do PCC enquanto estava a caminho de realizar seu show em Xangai.
As modelos Gigi Hadid, Julia Belyakova, Kate Grigorieva e Irina Sharipova foram proibidas de entrar no país asiático. No caso de Hadid, os censores do Partido Comunista Chinês desaprovaram um vídeo que ela divulgou no Instagram. Aparentemente, os outros fizeram comentários ou anúncios “políticos” nas redes sociais.
A supermodelo Adriana Lima ainda está aguardando para ver se seu visto será aprovado ou não — o regime chinês alega “problemas diplomáticos”.
Page Six também mencionou que o regime chinês negou vistos a blogueiros de moda, e aos produtores de televisão foi comunicado que não podem filmar fora do local do evento, a menos que obtenham uma autorização especial.
O incidente deixa claro a difícil situação dos artistas e da mídia que estão acostumados à cultura da liberdade, mas que vão trabalhar em lugares onde a “liberdade” não é um tema aberto à discussão.
Leia também:
• Ex-propagandista do regime chinês é purgado em campanha anticorrupção
• Facebook bloqueia perfil de bilionário chinês que revelou segredos obscuros da China
• Presidente do Conglomerado Fosun renuncia, sinal de grandes mudanças na economia chinesa