China compila “gravações de vozes” para nova tecnologia de identificação, levantando questões de privacidade

Regime chinês utiliza vários meios para controlar seus cidadãos

05/04/2018 10:04 Atualizado: 05/04/2018 10:04

Por Sunny Chao, Epoch Times

A China desenvolveu um novo sistema de reconhecimento de voz que conecta as características da voz de uma pessoa às suas informações de identificação, com o objetivo de criar um banco de dados de “gravações de vozes”.

O sistema será utilizado para a autenticação da identidade das pessoas na Internet, bem como nas áreas de tratamento médico, educação, serviços bancários,transporte e turismo, de acordo com a agência estatal chinesa de notícias Xinhua.

A matéria afirma que o sistema já está em uso no novo distrito de Gui’an, na província de Guizhou. As autoridades de Guizhou colaboraram com o Instituto de Pesquisa da Universidade de Tsinghua e com a empresa d-Ear Technologies, com sede em Pequim, para construir a tecnologia na nuvem.

As autoridades chinesas argumentaram que a tecnologia de reconhecimento de voz é útil quando identidades são roubadas na Internet ou informações particulares são expostas. De acordo com o jornal estatal chinês Xinhua, essa tecnologia é mais fácil de usar do que outras tecnologias biométricas e age como uma senha que não precisa ser memorizada.

No entanto, existe o temor de que esta tecnologia se converta em mais um método de o regime chinês monitorar e controlar o público.

“O Partido Comunista Chinês não poupou esforços no uso de meios científicos e tecnológicos avançados para monitorar a população,” disse Mao Xiaoming, ativista dos direitos humanos e ex-editor de televisão da província de Shaanxi. “Sejam quais forem os novos métodos desenvolvidos, eles não hesitarão em fazer um grande esforço, investir grandes somas de dinheiro ou até mesmo criar agências especializadas [para usar essas novas tecnologias].”

O Grande Firewall da China é um bom exemplo. Já em 1998, o regime comunista chinês havia desenvolvido tecnologia e criou agências globais, como a Administração do Ciberespaço, para monitorar e censurar o conteúdo da Internet chinesa. De acordo com estimativas de Heng He, analista de política chinesa, o regime chinês gastou até agora pelo menos 100 bilhões de yuan e possivelmente até 600 bilhões de yuan (aproximadamente entre 15,9 a 95,5 bilhões de dólares) para manter essa censura.

O regime chinês utiliza vários meios para controlar seus cidadãos. Além do reconhecimento de voz, existe o reconhecimento facial e das pupilas, scanners de impressões digitais e amostras de DNA, que compõem o maior banco de dados de DNA do mundo.

A tecnologia de reconhecimento facial que o regime alega que trará conforto para as pessoas também será usado para vigiá-las. O dissidente Li Xuewen foi preso no ano passado por dois policiais à paisana quando saía de uma estação ferroviária em Guangzhou, graças às câmeras de segurança que empregavam a tecnologia de reconhecimento facial.

Yang Zhengwei, ativista dos direitos humanos da província de Guizhou, preocupa-se que a tecnologia possa ser usada para vigiar dissidentes, peticionários, ativistas e grupos religiosos. “A segurança pessoal não será garantida. Vai ser muito mais fácil expor sua própria identidade”, enfatizou.

O cientista cognitivo Wayne Yang, estabelecido na China, declarou ao Epoch Times em outubro de 2017: “Isso significa que, se houver uma equipe de vigilância instalada, as pessoas não se atreverão a falar casualmente em determinados lugares. Se alguém pronunciar algumas palavras-chave sensíveis, as autoridades poderão identificar rapidamente essa pessoa e então prendê-la. Portanto, o espaço privado dos cidadãos ficará extremamente reduzido”.