China censura foto de atletas por referência ao Massacre da Praça da Paz Celestial

Por Agência de Notícias
04/10/2023 18:09 Atualizado: 04/10/2023 18:09

Uma imagem nos Jogos Asiáticos de Hangzhou de duas atletas chinesas, Lin Yuwei e Wu Yanni, abraçadas após a conclusão da final dos 100 metros rasos, foi censurada nas redes sociais da China, supostamente devido a uma referência inadvertida ao Massacre da Praça da Paz Celestial.

A foto mostrava juntos os números de corrida das atletas, 6 e 4, resultando em 64, que é uma alusão comum ao incidente de 4 de junho de 1989.

Nesse ano, as tropas chinesas reprimiram violentamente as manifestações pró-democracia em Pequim, resultando na morte de centenas de manifestantes, embora o número exato de vítimas permaneça incerto.

O governo chinês mantém uma política de censura rigorosa sobre qualquer discussão relacionada com este evento, e as menções on-line são frequentemente removidas.

A foto em questão foi uma das muitas tiradas das atletas após a final dos 100 metros rasos femininos nos Jogos Asiáticos de Hangzhou, onde Lin foi proclamada campeã e Wu terminou em segundo, acabando sendo desclassificada em seguida.

Este incidente com Wu Yanni, que foi penalizada por uma falsa largada, fez com que notícias e fotografias sobre a corrida se tornassem virais.

A repercussão foi tanta que a imagem lateral das duas atletas se abraçando com a referência ao 64 foi inicialmente censurada na rede social Weibo – semelhante ao X – mas ainda está disponível em algumas reportagens chinesas.

Além disso, a busca pela imagem no mecanismo de busca chinês Baidu exibe uma mensagem informando que “a funcionalidade está sendo otimizada”, sugerindo uma possível remoção do conteúdo.

Embora na publicação original da foto a imagem das atletas tenha dado lugar a uma com fundo cinza, os comentários feitos pelos usuários continuam ativos.

“Está com uma fita branca na cabeça, elas estão se abraçando com força, usando roupas vermelhas, duas bandeiras nacionais cercando dois números, essa foto realmente merece uma reflexão”, disse um dos usuários do Weibo.

Qualquer referência pública ao massacre é monitorada de perto e, em alguns casos, censurada, como foi o caso no ano passado com o influenciador chinês Li Jiaqi, que exibiu um bolo semelhante a um tanque no aniversário do massacre da Praça da Paz Celestial.

Este incidente realça a alta sensibilidade e proibição que rodeia a questão da Praça da Paz Celestial na China, onde as gerações mais jovens têm um conhecimento limitado sobre este acontecimento histórico devido à censura do Partido Comunista Chinês.

A China é o país com mais internautas no mundo – cerca de 700 milhões -, mas ao mesmo tempo um dos que exerce maior controle sobre os conteúdos da rede, como demonstra o fato de sites populares como Google, Facebook, X e YouTube estarem bloqueados no país há anos. Sendo apenas uma, das várias medidas de controle do regime ditatorial do Partido Comunista Chinês.

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