CEO da Huawei rompe silêncio para dizer que empresa não espiona para China

Maior produtora de equipamentos de telecomunicações do mundo foi submetida a um exame minucioso no Ocidente devido à sua estreita relação com o regime chinês

22/01/2019 12:59 Atualizado: 22/01/2019 12:59

Por Cathy He, Epoch Times

O fundador e CEO da Huawei, Ren Zhengfei, em uma rara aparição pública após a prisão de sua filha no Canadá, disse que sua companhia nunca espionou para o regime chinês, informou o jornal Financial Times.

“Nenhuma lei na China exige que uma empresa instale backdoors obrigatórios”, disse Ren, em seus primeiros comentários públicos em anos, durante uma entrevista com jornalistas na cidade chinesa de Shenzhen em 15 de janeiro. “A Huawei e eu nunca recebemos qualquer solicitação de qualquer governo para fornecer informações [indevidas].”

Os comentários públicos de Ren, algo que ele normalmente não faz, foram feitos em um momento em que a gigante chinesa das telecomunicações enfrenta várias controvérsias. Meng Wanzhou, filha de Ren e diretora financeira da Huawei, enfrenta a extradição para os Estados Unidos, onde promotores alegam que ela violou sanções americanas contra o Irã ao enganar os bancos nas operações da empresa no país do Oriente Médio.

Huawei também foi expulsa do mercado em vários países por razões de segurança, e um funcionário foi preso no fim de semana passado por espionagem na Polônia, junto com um ex-oficial de segurança polonês.

Ren, ex-engenheiro do exército chinês e atual membro do Partido Comunista, disse que sua empresa “não responderá” aos pedidos de informações do regime chinês, informou o Wall Street Journal.

Ren não deu detalhes sobre como a empresa resistiria aos pedidos do regime. Sob as leis de segurança nacional da China, todas as empresas que operam no país asiático são obrigadas a conceder às autoridades o controle de seus dados, se solicitado. O conceito de segurança nacional é amplamente definido para coibir as ameaças ao controle autoritário do Partido Comunista Chinês, incluindo opiniões críticas ao Partido.

Huawei, maior produtora de equipamentos de telecomunicações do mundo, foi submetida a um exame minucioso no Ocidente devido à sua estreita relação com o regime chinês e às acusações de que seus produtos podem ser usados por Pequim para espionar, uma acusação que rejeitou.

A empresa foi efetivamente excluída do mercado americano desde que um relatório do Congresso divulgado em 2012 fez soar o alarme de que os produtos da empresa podem representar uma ameaça à segurança.

Em agosto passado, os Estados Unidos proibiram agências governamentais de usar ou comprar equipamentos da Huawei e de outra empresa chinesa, a ZTE. O presidente Donald Trump está considerando lançar um decreto que também proibirá as empresas privadas americanas de fazê-lo.

Em um artigo publicado em novembro, o jornal The Australian mencionou relatórios secretos de inteligência da Austrália confirmando que a Huawei forneceu senhas e detalhes de acesso aos serviços de inteligência da China para permitir o acesso a uma “rede estrangeira”, disse uma fonte.

No ano passado, Austrália e Nova Zelândia proibiram a Huawei de fornecer tecnologia para suas redes 5G, alegando riscos de segurança. O Japão também proibiu suas agências governamentais de comprar tecnologia da Huawei.

No Reino Unido, a maior empresa de telecomunicações do país, a BT, disse em dezembro de 2018 que não usaria a Huawei para desenvolver sua rede 5G e que também eliminaria os equipamentos da Huawei do núcleo de suas redes 3G e 4G existentes. O Canadá também está atualmente examinando se o equipamento da empresa representa um risco para a segurança nacional.

Mais recentemente, em 13 de janeiro, a Polônia disse que poderá considerar a proibição do uso de produtos Huawei por órgãos públicos após a prisão do funcionário chinês da empresa.