CEO da Huawei diz que sua família usa produtos da Apple

Em dezembro passado, Meng Wanzhou, filha de Ren e CFO da empresa, foi encontrada carregando vários produtos da Apple, incluindo um iPhone 7 Plus e um MacBook Air, quando foi presa a pedido das autoridades norte-americanas em um aeroporto de Vancouver

25/05/2019 17:19 Atualizado: 26/05/2019 09:28

Por Cathy He, Epoch Times

O fundador e CEO da gigante chinesa de telecomunicações, Huawei, disse em 21 de maio que seus familiares usam telefones da Apple e compram computadores também da Apple quando viajam ao exterior.

“Muitos de meus parentes me dizem que o ecossistema da Apple é melhor do que o nosso”, disse Ren Zhengfei a um grupo de jornalistas chineses durante uma coletiva de imprensa realizada na sede da empresa em Shenzhen em 21 de maio, segundo matéria da mídia estatal Beijing News.

Huawei é o segundo maior fabricante de smartphones do mundo e um dos principais concorrentes da Apple.

A empresa, que também é a maior fabricante mundial de equipamentos para redes de telecomunicações, enfrenta um intenso escrutínio no Ocidente devido à preocupação de que seus produtos possam ser usados por Pequim para espionar, dados os laços estreitos da empresa com os militares chineses.

CFO da Huawei, Meng Wanzhou, usa um dispositivo de monitoramento eletrônico no tornozelo enquanto é levada por um agente de segurança de sua casa em 8 de maio de 2019 em Vancouver, Canadá. Wanzhou foi levada ao tribunal para audiências de extradição e pode responder pelas acusações de conspiração e fraude nos EUA (Jeff Vinnick / Getty Images)
CFO da Huawei, Meng Wanzhou, usa um dispositivo de monitoramento eletrônico no tornozelo enquanto é levada por um agente de segurança de sua casa em 8 de maio de 2019 em Vancouver, Canadá. Wanzhou foi levada ao tribunal para audiências de extradição e pode responder pelas acusações de conspiração e fraude nos EUA (Jeff Vinnick / Getty Images)

Em dezembro passado, Meng Wanzhou, filha de Ren e CFO da empresa, foi encontrada carregando vários produtos da Apple, incluindo um iPhone 7 Plus e um MacBook Air, quando foi presa a pedido das autoridades norte-americanas em um aeroporto de Vancouver. Meng está atualmente sob fiança no Canadá e luta para não ser extraditada para os Estados Unidos, onde é acusada de fraude por violar as sanções americanas contra o Irã.

No início deste ano, a empresa puniu dois funcionários que enviaram um tweet de Ano Novo da conta oficial da empresa no Twitter usando um iPhone.

Huawei na lista negra

Alegando preocupações com a segurança nacional, na semana passada o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, emitiu ordens que efetivamente proíbem empresas americanas de fazer negócios com a empresa chinesa.

O Departamento de Comércio dos Estados Unidos declarou em 20 de maio que concederia à Huawei uma licença de 90 dias para comprar produtos fabricados nos Estados Unidos, a fim de manter as redes existentes e oferecer atualizações de software para os telefones Huawei existentes.

Ren, falando com a imprensa chinesa dias depois da proibição das exportações dos Estados Unidos, tentou minimizar seu impacto, dizendo que a empresa tinha medidas de contingência caso perdesse o acesso a fornecedores americanos.

O fundador acrescentou que a jogada de Trump não foi totalmente inesperada.

“Nós sacrificamos indivíduos e famílias apenas com o propósito de estar no topo do mundo”, disse Ren, segundo a revista de negócios Caixin, de Pequim, durante a recente coletiva de imprensa. “Por este ideal, mais cedo ou mais tarde haveria conflito com os Estados Unidos.”

A Huawei afirma que pode garantir uma cadeia de suprimentos estável sem precisar dos fornecedores americanos.

No entanto, em 2018, a empresa gastou 11 bilhões de dólares na compra de peças com tecnologia americana, de um total de 70 bilhões de dólares gastos em componentes, o que representa aproximadamente 16%.

Vários fabricantes de chips, incluindo aqueles com sede fora dos Estados Unidos, já teriam suspendido seus negócios com a companhia de telecomunicações chinesa.

Em 20 de maio, a mídia japonesa Nikkei informou que a fabricante de chips alemã Infineon Technologies havia suspendido os embarques para a Huawei, a fim de cumprir a proibição dos Estados Unidos.

A ARM, uma designer de chips sediada no Reino Unido, instruiu todos os funcionários a suspender negócios com a Huawei, informou a BBC em 22 de maio, citando documentos internos obtidos pela mídia inglesa. A empresa britânica acreditava que estava sujeita à proibição dos Estados Unidos porque seus projetos continham “tecnologia de origem americana”, informou a BBC.

O Google, que fabrica o sistema operacional Android e fornece serviços para os smartphones Huawei, anunciou em 19 de maio que suspenderia suas operações com a empresa.

Enquanto isso, operadoras de telefonia móvel em todo o mundo anunciaram que deixarão de oferecer telefones Huawei devido a preocupações de que as restrições americanas afetem o suporte e os serviços em longo prazo para os dispositivos.

Problemas de segurança

A Huawei negou repetidamente as acusações de que seu equipamento estaria sendo usado pelo regime chinês para espionagem. Em defesa da empresa, Ren frequentemente disse que não existe uma lei chinesa que exija a instalação de backdoors.

Embora não haja uma lei chinesa que exija que uma empresa na China instale backdoors, existem várias leis relacionadas com a segurança que estão vagamente formuladas e que preocupam os governos e especialistas ocidentais.

“É de conhecimento geral que sob a lei de cibersegurança da China, empresas chinesas como a Huawei são essencialmente obrigadas a fornecer acesso sob demanda, com pouco ou nenhum procedimento para questioná-la”, disse o diretor do FBI, Christopher Wray, em coletiva de imprensa em janeiro.

Entre essas leis está a Lei de Inteligência Nacional de 2017, que exige que todos os cidadãos e entidades chinesas forneçam informações de inteligência às autoridades, se assim o solicitarem.

Nos últimos meses, os Estados Unidos intensificaram seus esforços diplomáticos para alertar os aliados sobre a Huawei, particularmente em relação à próxima geração de tecnologia sem fio, a rede 5G, que atualmente está se espalhando pelo mundo.

“Parece que é do senso comum não entregar as chaves de uma sociedade inteira a um ator que (…) mostrou comportamento maligno”, disse Gordon Sondland, embaixador dos Estados Unidos na União Europeia, à Reuters em fevereiro.

Quando perguntado se há evidências de que a equipe da Huawei tenha sido usada para espionagem, Sondland disse que “há provas classificadas”. Ele se negou a explicar a natureza do material, além de dizer que não há dúvida de que a Huawei tem “a capacidade de hackear um sistema” e “o mandato do governo para fazê-lo sob demanda”.