Casal de chineses acusado de exportar carvão para Coreia do Norte tentava imigrar para EUA

05/02/2018 14:01 Atualizado: 05/02/2018 14:01

Um casal de chineses acusado de vender carvão da Coreia do Norte recentemente tentou imigrar para os Estados Unidos através de um programa de visto especial dado a investidores estrangeiros que contribuem para a economia norte-americana.

Em agosto de 2017, o Ministério Público dos Estados Unidos apresentou uma ação judicial em um tribunal federal, alegando que Chi Yupeng e sua esposa, Zhang Bing, ajudaram a Coreia do Norte a exportar e vender carvão através de sua empresa Dandong Chengtai Trading Co., com sede na China.

A Coreia do Norte possui poucas indústrias e depende em grande medida das exportações de carvão para gerar receita — cerca de 1 bilhão de dólares por ano — de acordo com o Ministério Público Federal.

A empresa é descrita como um dos maiores importadores de carvão da Coreia do Norte na China e já redirecionou mais de 4 milhões de dólares de sua receita para uma empresa de fachada chamada Maison Trading, alega o processo.

Os fundos foram confiscados e o Departamento do Tesouro dos Estados Unidos incluiu seus nomes em uma lista de entidades e pessoas que ajudaram o programa de armas nucleares da Coreia do Norte, violando assim a Resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas. As vendas da Dandong Chengtai beneficiaram o programa nuclear da Coreia do Norte.

A empresa também ajudou diretamente a Coreia do Norte na aquisição de componentes nucleares e peças de mísseis, além de usar um conglomerado de empresas para fazer compras por atacado, transferências eletrônicas e outras transações para o regime comunista, de acordo com o Departamento do Tesouro.

Chaminé de uma usina no horizonte da cidade de Pyongyang, na Coreia do Norte, em 17 de fevereiro de 2017 (Ed Jones/AFP/Getty Images)
Chaminé de uma usina no horizonte da cidade de Pyongyang, na Coreia do Norte, em 17 de fevereiro de 2017 (Ed Jones/AFP/Getty Images)

Através de uma ação judicial apresentada em 25 de janeiro, o Ministério Público dos Estados Unidos alega que, em novembro de 2015, Chi e sua esposa fizeram 12 transferências eletrônicas provenientes de diversas pessoas — um total de 568.405 dólares —para uma conta bancária nos Estados Unidos controlada por uma família, com o objetivo de cumprir o requisito de inscrição no programa de visto EB-5.

Este programa permite aos candidatos investidores estrangeiros tornarem-se residentes legais permanentes. Para isso, exige um investimento de pelo menos 500 mil dólares para financiar um negócio em área com alta taxa de desemprego no país, o qual deve empregar pessoal norte-americano.

O Ministério Público dos Estados Unidos confiscou esses fundos, argumentando que “Chi Yupeng e Dandong Chengtai geraram milhões de dólares em receitas com a venda ilegal de carvão da Coreia do Norte, beneficiando assim as entidades sancionadas na Coreia do Norte”, de acordo com o comunicado.

Os vistos EB-5 são concedidos anualmente a cerca de 10 mil candidatos. Nos últimos anos, muitos investidores chineses migraram para os Estados Unidos por intermédio do programa. De acordo com as estatísticas do Departamento de Estado, desde 2011 os investidores da China Continental são a maioria dos beneficiários do visto EB-5. No ano fiscal de 2017, representaram 75% dos 7.567 beneficiários.

As acusações contra Chi e sua esposa parecem ser o primeiro caso de má conduta sancionada a ser aplicada ao programa EB-5.

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