Biden reitera status quo com Taiwan e Xi Jinping o alerta para não brincar com fogo

28/07/2022 21:33 Atualizado: 28/07/2022 21:33

Por EFE

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, reafirmou nesta quinta-feira seu respeito pelo status quo de Taiwan em uma tentativa de tranquilizar a China, enquanto seu presidente, Xi Jinping, aproveitou a oportunidade para emitir uma dura advertência a Washington e pedir que “não brinque com fogo”.

Biden e Xi tiveram um telefonema de mais de duas horas que a Casa Branca descreveu como “direto e honesto”, enquanto o Ministério das Relações Exteriores da China chamou de “franco e perspicaz”.

O Ministério das Relações Exteriores da China foi o primeiro a relatar o conteúdo da conversa, a primeira desde março e na qual Xi reiterou suas alegações sobre Taiwan, que Pequim considera parte de seu território.

Xi também rejeitou qualquer “interferência estrangeira”, mas não fez menção à possível viagem a Taiwan da presidente da Câmara dos Deputados, a democrata Nancy Pelosi, a primeira de um político americano desse nível em 25 anos, após a visita de 1997 do republicano Newt Gingrich.

Pelosi ainda não confirmou a viagem, mas a China já alertou que responderá com firmeza a uma visita que percebe como uma ameaça.

“Brincar com fogo fará você se queimar”, alertou o Ministério das Relações Exteriores em seu comunicado, expressando sua esperança de que “os EUA possam ver isso claramente”.

Na conversa, Xi também pediu a Biden que cumpra o princípio de “uma só China” que Pequim impõe como base de seus laços com qualquer país e que significa que o único governo chinês que Washington deve reconhecer é aquele com sede em Pequim, afastando as aspirações de independência de Taiwan.

De acordo com um alto funcionário da Casa Branca, Biden reiterou na ligação seu respeito por esse princípio que fez Washington romper relações diplomáticas com Taipei há quase meio século e estabelecê-las com Pequim.

Em troca, então, os EUA assinaram o Taiwan Relations Act de 1979, que compromete o país com a defesa da ilha, embora não deixe claro se a potência interviria no caso de um ataque chinês.

Essa política de “ambiguidade estratégica” aparentemente fracassou em maio, quando Biden alertou sobre a possibilidade de uma intervenção dos EUA se a China invadisse Taiwan, embora a Casa Branca mais tarde tenha tentado deixar claro que não houve mudança na política em relação à ilha.

Respeito pelo status quo de Taiwan

Na ligação com Xi, a primeira desde o incidente, Biden procurou acalmar o gigante asiático e reiterar o respeito de Washington pelo status quo.

Especificamente, a Casa Branca explicou que Biden disse a Xi que a política dos EUA não mudou e que seu governo continua a se opor “fortemente” a qualquer esforço unilateral para “mudar o status quo ou minar a paz e a estabilidade” da ilha.

Além de Taiwan, os dois líderes discutiram as mudanças climáticas, a segurança sanitária e a luta contra os narcóticos, disse uma autoridade dos EUA a repórteres.

Além disso, Biden expressou sua preocupação com o respeito aos direitos humanos na China e os cidadãos norte-americanos detidos arbitrariamente naquele país, segundo a fonte mencionada.

Eles também falaram sobre a guerra na Ucrânia, na qual a China tem mantido uma posição ambígua ao pedir respeito à “integridade territorial de todos os países”, incluindo a Ucrânia, e atenção às “preocupações legítimas de todos os países”, referindo-se à Rússia.

Na esfera econômica, Biden expressou “preocupação” com as práticas comerciais da China, mas não falou com profundidade sobre as tarifas impostas por seu antecessor, Donald Trump (2017-2021), e que permanecem sobre as importações chinesas no valor de 350 bilhões de dólares.

Biden está avaliando a possibilidade de retirá-los para mitigar o impacto da inflação, que ficou em 9,1% em junho, algo não visto desde 1981, mas a Casa Branca já havia alertado que a convocação não teria peso em sua eventual decisão.

Encontro presencial entre os dois

Por fim, durante a conversa, os dois líderes falaram sobre “o valor de um encontro presencial”, que seria o primeiro desde que Biden chegou à Casa Branca em janeiro de 2021, e concordaram que suas equipes continuarão trabalhando para procurar uma data possível.

Tanto a China quanto os Estados Unidos enfatizaram em suas declarações a importância de manter as linhas de comunicação abertas.

Em sua nota, a Casa Branca argumentou que a conversa faz parte dos esforços do governo para “manter e aprofundar” o diálogo com a China e administrar “com responsabilidade” as diferenças que os separam, além de “trabalhar juntos” em áreas de interesse comum.

Hoje foi o quinto telefonema entre os dois líderes desde que Biden assumiu o cargo. Biden postou no Twitter uma foto desse momento em que aparece sentado no Salão Oval da Casa Branca segurando o fone de um telefone preto e com vários papéis em sua mesa.

 

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