Aumentam prisões e censura antes do 19º Congresso Nacional da China

30/09/2017 02:44 Atualizado: 02/10/2017 23:36

À medida que nos aproximamos do evento de transição da liderança chinesa, que ocorre a cada cinco anos, o regime aumenta a repressão através da segurança, de prisões e da intensificação da censura da internet.

O 19º Congresso Nacional determinará o próximo grupo da elite governante do país. As autoridades estão especialmente sensíveis a qualquer assunto que possa causar controvérsias ou que seja uma ameaça para que o evento transcorra sem incidentes no próximo dia 18 de outubro.

A mídia chinesa informou que, na terça-feira (26), o secretário do Partido em Pequim, Cai Qi, convocou uma reunião com funcionários locais para que se comprometam a “manter a segurança e a estabilidade” nos dias que antecedem o congresso.

Na quarta-feira, o sistema de metrô de Guangzhou, cidade ao sul do país, anunciou que, no início de outubro, todas as estações exigirão que seus passageiros passem por detectores de metais. Enquanto isso, na cidade próxima Shenzhen, a polícia realizou simulações de emergência em um shopping local.

O regime quer evitar potenciais protestos ou expressões de oposição. A mídia Voz da América informou que o advogado de direitos humanos Di Yanmin foi levado para uma delegacia de polícia em Pequim na segunda-feira e que ele ficou detido por 24 horas. Sua casa também foi invadida e sua escrivaninha e seu notebook estão sumidos desde então.

Além disso, o ativista pró-democracia de Guangzhou, Xu Lin, que visitava seu pai doente na província de Hunan, foi levado pelas autoridades locais na terça-feira. Sua casa em Guangzhou foi invadida e seus dispositivos eletrônicos e livros foram confiscados, de acordo com o site Weiquanwang, que divulga atualizações sobre dissidentes e ativistas de direitos humanos na China.

Outro ativista de Guangzhou, Liu Sifang, também foi levado pelas autoridades da cidade de Yichun, província de Jiangxi. Nos últimos anos, Liu e Xu colaboraram na redação de músicas sobre a luta pelos direitos humanos na China.

Outras medidas severas foram direcionadas aos usuários de internet.

Smartphone mostra o logotipo da plataforma de microblogging chinês, Weibo, fotografia tirada em 19 de março de 2014 (Peter Parks/AFP/Getty Images)
Smartphone mostra o logotipo da plataforma de microblogging chinês, Weibo, fotografia tirada em 19 de março de 2014 (Peter Parks/AFP/Getty Images)

Na terça-feira, a Weibo, equivalente chinês do Twitter, anunciou através de uma publicação online que a empresa está recrutando 1.000 pessoas para se tornarem “agentes de monitoramento” – isto é, agentes de censura na web – que se concentrarão em “fortalecer o monitoramento de usuários da Internet, limpar o ambiente social da Weibo e penalizar conteúdo pornográfico, ilegal e prejudicial”.

Aqueles que relatarem 200 publicações receberão 200 yuanes (U$S 30) em troca a cada mês. Os 10 agentes com mais publicações reportadas ganharão iPhones, laptops e celulares nacionais como pagamento.

Há também restrições para as viagens ao exterior. Os tibetanos que trabalham em agências de viagens foram notificados pelas autoridades de que os estrangeiros não terão permissão para visitar a região de 18 a 28 de outubro, conforme relatado pela Radio Free Asia. A proibição também vale para os tibetanos que vivem na vizinha região de Amdo, da província de Qinghai. Nos últimos anos, os protestos tibetanos contra o regime chinês resultaram em severa repressão.

Colaboraram: Yang Yifan e Annie Wu

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