Por Cathy He, Epoch Times
Associações de advogados de mais de 20 países pediram ao regime comunista chinês que liberte o proeminente advogado de direitos humanos Wang Quanzhang, que está preso há mais de três anos sem contato com o mundo exterior.
Wang defende grupos religiosos perseguidos pelo Partido Comunista Chinês (PCC), como cristãos e praticantes do Falun Dafa, e trabalha com assistentes jurídicos autodidatas, ou “advogados descalços”, e ativistas de direitos humanos na defesa dos desprotegidos da China.
Ele foi preso em agosto de 2015 em meio à repressão nacional contra ativistas de direitos humanos e acusado em janeiro de 2016 de suposta “subversão ao poder do Estado”.
“Ao mesmo tempo em que este documento está sendo redigido, [Wang] é mantido incomunicável, situação que já perdura por mais de três anos, sem qualquer processo legal e ele corre o risco de apresentar uma deterioração em seu estado de saúde enquanto estiver preso”, diz o documento dirigido ao líder comunista chinês Xi Jinping, por ocasião do 70º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos, por iniciativa da Ordem dos Advogados de Genebra.
“Estamos profundamente preocupados com o advogado Wang e todos os outros advogados que enfrentam perseguição contínua simplesmente por exercerem suas funções como profissionais legais e defensores dos direitos básicos dos cidadãos”, acrescentou o documento.
O PCC lançou uma onda de ataques contra advogados, assistentes e ativistas de direitos humanos no que é conhecido como repressão “709”, em referência a 9 de julho de 2015, quando começaram as prisões. Dos 321 advogados e ativistas presos durante a repressão, Wang é o único que não foi julgado ou libertado, acrescenta a carta.
“Entendemos que não há prova de qualquer tipo ou condição que justifique as acusações contra ele”, diz o documento.
A carta também menciona que Wang não pode ter representação legal independente e que lhe foi negado o acesso ao advogado de sua família, que aparentemente foi intimidado para abandonar o caso.
A esposa de Wang, Li Wenzu, entrou com 30 ações judiciais exigindo o julgamento de seu marido de acordo com a lei chinesa, alega o documento; Li e seu filho sofreram ameaças, foram perseguidos e não têm permissão para visitar Wang.
Ameaçada por querer a libertação de seu marido
Li declarou ao Vision Times em setembro que ela havia sido presa, que era vigiada pela polícia e depois foi colocada em prisão domiciliar por apelar da prisão de seu marido.
No início deste ano, Li participou de uma caminhada de mais de 90 km de Pequim até a cidade de Tianjin, onde acredita que seu marido pode estar detido.
De acordo com Li, ela foi presa em junho por protestar do lado de fora do Centro de Detenção da cidade de Tianjin. Ela segurava um balde vermelho com palavras de apoio com “eu te amo” e “vou esperar por você”.
“A polícia se aproximou de mim e disse: ‘Você vai conosco para a delegacia!'”, disse ela ao jornal.
“Por quê? O policial respondeu que eu era acusada de perturbar a ordem pública. Eu perguntei de que forma eu tinha perturbado a ordem pública. Ele disse que eu estava carregando um balde na rua! Eu carreguei um balde na rua e com isso perturbei a ordem pública!”
Li também disse que seu filho de 5 anos foi proibido de frequentar o jardim de infância em Pequim.
Um advogado persistente
Li disse que Wang é um advogado corajoso que escolheu representar os praticantes do Falun Dafa porque a maioria dos outros advogados não aceitou os casos.
“[Ele me disse] que se ele estivesse com medo e não aceitasse esses casos, ninguém o faria. Essas pessoas precisam de ajuda. O que elas vão fazer?”, ela comentou.
A implacável defesa de Wang dos praticantes do Falun Dafa levou-o a ser espancado por oficiais de justiça em várias ocasiões, disse Li.
“Um advogado me disse que ele parecia ser o mais espancado”, acrescentou. “Isso acontecia porque ele era particularmente persistente e irritava os policiais. Ele não recuava mesmo se fosse golpeado ou ameaçado”.
Ela também contou que uma vez, segundo o que lhe disse um outro advogado, enquanto Wang defendia um praticante do Falun Dafa, o oficial da corte lhe deu uma bofetada a cada sentença que ele proferia.
“Ele me disse que meu marido foi esbofeteado mais de cem vezes”, disse Li.
Em junho de 2015, Wang detalhou no site ChinaChange.org como ele foi espancado por autoridades judiciais durante 10 minutos após sua tenaz defesa de vários praticantes do Falun Dafa na província de Shandong.
“Cerca de uma dúzia de agentes judiciários invadiram a sala. Alguns me agarraram pelo braço, um me agarrou pelo pescoço e me tirou de lá “, escreveu ele. “Nesse momento, alguém começou a me bater violentamente na cabeça; outros me insultaram (…) Fui arrastado para um quarto no primeiro andar do tribunal e um dos policiais mandou que eu me ajoelhasse. Eu recusei e eles começaram a me bater novamente”.
Com informações da Agência Reuters