Às vesperas de alcançar 300 milhões de renúncias, chineses explicam porque deixaram Partido Comunista

10/04/2018 20:45 Atualizado: 10/04/2018 20:45

Por Sunny Chao, Epoch Times

O movimento global do povo chinês renunciando seus vínculos ao Partido Comunista Chinês alcançou um importante marco no mês passado.

Em 24 de março, o número de chineses que publicamente revogou sua participação no Partido Comunista ou em suas organizações afiliadas ultrapassou 300 milhões. Por comparação, o Partido Comunista Chinês tem atualmente cerca de 90 milhões de membros.

A tendência começou com a publicação de uma série editorial em nove partes pela edição chinesa do Epoch Times, os “Nove Comentários sobre o Partido Comunista Chinês“, em novembro e dezembro de 2004. A série dissecou as origens do Partido, sua natureza essencial e histórica, e seus crimes, inspirando muitos a renunciar a seus laços anteriores ou atuais com as organizações do Partido — esse movimento foi chamado de “Tuidang” em chinês, ou “renúncia ao Partido”.

Abaixo estão as histórias de dois chineses e a jornada que os levou à sua escolha.

Liu Jianguo era o diretor do Departamento de Assuntos Civis de Pequim, um escritório da burocracia municipal. Ele também foi o motorista de uma figura muito importante, Xu Qinxian, o 38º comandante do Exército da Libertação Popular (ELP) que escolheu não seguir as ordens da liderança do Partido para reprimir os manifestantes estudantis no infame Massacre da Praça da Paz Celestial em 4 de junho de 1989. Xu Qianxian se recusou a liderar suas tropas em Pequim para fuzilar os manifestantes.

Liu Jianguo, ex-membro do Partido Comunista Chinês, renunciou ao Partido uma semana antes de chegar aos Estados Unidos (Han Rui/The Epoch Times)
Liu Jianguo, ex-membro do Partido Comunista Chinês, renunciou ao Partido uma semana antes de chegar aos Estados Unidos (Han Rui/The Epoch Times)

Xu Qianxian foi imediatamente colocado em prisão domiciliar após desafiar a ordem. Ele foi então removido de seu posto, preso e sentenciado a cinco anos de prisão. Como o motorista de Xu, Liu Jianguo também foi implicado. Ele disse ao Epoch Times que durante sua detenção, ele foi suspenso ou dependurado no ar por sete dias. O Partido Comunista “está destruindo mentalmente as pessoas. Isso priva uma pessoa da sua dignidade e faz com que você deseje morrer ao invés de querer viver”, disse Liu Jianguo.

Apenas uma semana depois que Liu Jianguo e sua família chegaram aos Estados Unidos numa visita em outubro de 2017, ele encontrou voluntários do Tuidang num bairro local. Ele decidiu abandonar o Partido Comunista, do qual ele era membro há 32 anos. Ele escolheu fazê-lo com seu nome verdadeiro, não temendo as represálias das autoridades do regime.

Durante sua entrevista com o Epoch Times, Liu Jianguo falou sobre os momentos históricos que ele testemunhou e que o levaram a se desencantar com o Partido Comunista.

Na noite de 3 de junho de 1989, os cidadãos de Pequim tentaram impedir que o exército avançasse em direção à Praça da Paz Celestial para reprimir os estudantes.

Dez anos depois, ele testemunhou o apelo pacífico de 10 mil praticantes do Falun Gong nos arredores de Zhongnanhai, o complexo da liderança do Partido Comunista Chinês, em 25 de abril de 1999 em Pequim.

Jovens praticantes da disciplina espiritual do Falun Gong realizam uma vigília de velas perto do consulado chinês em Nova York em protesto contra a brutal repressão e perseguição do regime chinês contra os adeptos na China; em 23 de abril de 2017 (Samira Bouaou/The Epoch Times)
Jovens praticantes da disciplina espiritual do Falun Gong realizam uma vigília de velas perto do consulado chinês em Nova York em protesto contra a brutal repressão e perseguição do regime chinês contra os adeptos na China; em 23 de abril de 2017 (Samira Bouaou/The Epoch Times)

O Falun Gong, também conhecido como Falun Dafa, é uma prática de meditação baseada nos princípios da verdade, compaixão e tolerância. Em 1999, o ex-líder chinês Jiang Zemin lançou uma perseguição nacional contra os adeptos do Falun Gong, acreditando que a popularidade do grupo – em 1999, havia entre 70 e 100 milhões de adeptos, segundo dados oficiais do regime – minaria a autoridade do Partido.

Jiang Zemin mobilizou o aparato de segurança do Estado para deter e prender os praticantes. Mais de 4.000 adeptos tiveram suas mortes confirmadas como resultado de torturas e abusos enquanto estavam em custódia das autoridades do regime, embora se acredite que o número real seja muito maior, devido à dificuldade de se obter informações da China, de acordo com o Centro de Informações do Falun Dafa. Além disso, um grande número de praticantes do Falun Gong foi morto por seus órgãos, ou seja, executados sob demanda para abastecer ​a indústria chinesa de transplante de órgãos, de acordo com pesquisadores independentes.

Liu Jianguo viu em primeira mão os praticantes do Falun Gong que se reuniram em Pequim em abril de 1999, buscando a libertação de vários praticantes que haviam sido presos e encarcerados arbitrária e injustamente.

“Eu passei por Zhongnanhai. Eu dirigi devagar e apenas me perguntei como essas pessoas poderiam ser tão asseadas e tranquilas. O chão também estava perfeitamente limpo. Mas eu não vi qualquer organizador ou alguém mantendo a ordem”, disse ele. “Somente à noite eu soube que eles eram praticantes do Falun Gong apelando [ao governo]. Havia tantas pessoas lá, mas elas ainda assim foram totalmente ordeiras. Eu os admirei grandemente.”

“Sem o Partido Comunista, a China será muito melhor”, disse ele. Sua filha, Liu Yangyuan, que também trabalhou no Departamento de Assuntos Civis de Pequim, também escolheu deixar a Liga da Juventude Comunista usando seu nome verdadeiro.

Bai Jimin, um ex-empresário na China, participa de um jantar comemorativo organizado pelo Centro Global Tuidang na cidade de Nova York para celebrar as 300 milhões de renúncias ao Partido Comunista Chinês; durante do Ano Novo Chinês em 2018 (Lin Dan/The Epoch Times)
Bai Jimin, um ex-empresário na China, participa de um jantar comemorativo organizado pelo Centro Global Tuidang na cidade de Nova York para celebrar as 300 milhões de renúncias ao Partido Comunista Chinês; durante do Ano Novo Chinês em 2018 (Lin Dan/The Epoch Times)

Outro indivíduo que escolheu renunciar é Bai Jimin, cuja esposa era uma oficial militar na Força Aérea da China. Ele imigrou para os Estados Unidos a partir de Xangai. Como homem de negócios, Bai frequentemente viajava para o exterior para fazer negócios. Como resultado, ele foi suspeito de ser um espião que usava seu casamento para realizar espionagem para países estrangeiros.

Bai Jimin disse que os funcionários do Partido Comunista tentaram incriminá-lo com “provas” e destruir seu casamento. Eles começaram a rastreá-lo e monitorá-lo, grampearam seu telefone, roubaram sua pasta de trabalho, contrataram gangues para intimidá-lo e inclusive tentaram envenená-lo. Ele foi forçado a deixar sua mãe idosa, esposa e filhos para fugir por sua vida.

Bai Jimin disse que viu claramente o quão corrupto é o aparato de segurança do Partido Comunista. “Eles te perseguem, mas ainda o forçam a dizer que são bons. Eles próprios são ladrões, mas desviam a atenção de seus crimes alegando que há ladrões em outros lugares”, disse ele. “A maior organização terrorista do mundo é o Partido Comunista Chinês.”

Bai Jimin disse que, enquanto tentava apelar seu caso para as autoridades locais, ele conheceu alguns praticantes do Falun Gong e testemunhou seus maus-tratos pelo regime chinês. “O Partido Comunista trata esses praticantes de bom coração do Falun Gong como vilões. Na intensa supressão, o Partido tenta marginalizá-los e isolá-los de seus parentes, colegas de trabalho e vizinhos”, disse ele.

Bai Jimin disse que com os 300 milhões de chineses abandonando o comunismo por meio da renúncia ao Partido Comunista e suas organizações afiliadas, fica claro que mais e mais chineses estão despertando para a verdade sobre o Partido Comunista Chinês.