Uma das maiores empresas privadas da China está agora sob o controle das autoridades do regime chinês.
Em 20 de janeiro, o jornalista investigativo chinês Luo Changping anunciou em sua conta no Weibo, uma plataforma semelhante ao Twitter, que uma fonte interna disse que as autoridades da Comissão Regulatória de Seguros da China colocaram o Anbang Insurance Group, um conglomerado de serviços financeiros, sob seu controle. O presidente da empresa, Wu Xiaohui, que foi preso em junho de 2017, ganhou liberdade limitada, mas já perdeu seus direitos de controle sobre a empresa, de acordo com Luo.
Um olhar sobre os atos passados da Anbang pode fornecer pistas sobre o motivo pelo qual o regime chinês tomou uma ação tão rápida.
Erros financeiros
No estrangeiro, a Anbang era mais conhecida por comprar o hotel Waldorf Astoria em Nova York por quase US$ 2 bilhões, entre outros investimentos imobiliários na América do Norte e na Europa.
A empresa foi fundada em 2004 como uma pequena seguradora, com apenas 500 milhões de yuanes (US$ 73 milhões) de capital. Atualmente, seus ativos cresceram para 800 bilhões de yuanes, de acordo com o website da empresa.
A oferta agressiva da Anbang em ativos no exterior e suas fontes desconhecidas de capital foram suficientes para colocar a empresa na mira do regime chinês, à medida que Pequim tem sido especialmente cautelosa com a saída ou fuga de capital do país.
Em 2014, a base de capital da empresa aumentou repentina e significativamente. Uma pesquisa da publicação de negócios chinesa Caixin descobriu que alguns dos investidores misteriosos da Anbang naquele ano eram negócios obscuros, como concessionárias de automóveis, empresas imobiliárias e operadores de minas, que às vezes usavam endereços de correspondência compartilhados, muitos dos quais estavam conectados a Wu Xiaohui.
A empresa continuou a apostar numa variedade de empresas estrangeiras até abril de 2017, quando o jornal Apple Daily, com sede em Hong Kong, informou que as autoridades instruíram a Anbang a interromper as aquisições da Fidelity & Guaranty Life, uma companhia de seguros dos EUA, e da Starwood Hotels and Resorts, uma subsidiária da Marriott, entre outras.
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A Anbang também investiu fortemente em bancos chineses, o que também chamou a atenção do regime chinês. A empresa investiu 5,6 bilhões de yuanes no Chengdu Nongshang Bank, ou 35% das ações, dando-lhe uma participação de controle.
A Anbang também possui 15,54% do China Minsheng Bank e um interesse de 13% no China Merchants Bank, de acordo com a Reuters.
A publicação comercial chinesa Cailian Press informou em novembro de 2017 que os órgãos supervisores do regime ordenaram a Anbang que transferisse suas ações dos bancos China Minsheng e China Merchants, limitando suas ações a um máximo de 5%.
O setor de seguros como um todo foi investigado pelo regime; em setembro de 2017, o presidente da Comissão Regulatória de Seguros, Xiang Junbo, foi destituído de seu posto e expulso do Partido Comunista Chinês. Durante seu mandato, as companhias de seguros podiam se afastar das atividades tradicionais e despejar dinheiro na compra de ativos, contribuindo para a volatilidade do mercado de ações.
Erros políticos
Mas talvez o maior erro da Anbang tenha sido as conexões políticas de seu presidente. Fontes próximas às autoridades centrais disseram ao Epoch Times em junho de 2017 que Wu Xiaohui tinha laços com a família de Zeng Qinghong, o ex-vice-primeiro-ministro da China e o braço direito do ex-líder chinês Jiang Zemin. Jiang e seus associados pertencem a uma facção de oposição em desacordo com o atual líder Xi Jinping e seus aliados.
A fonte disse que Wu Xiaohui ajudou a família Zeng e outros membros da facção de Jiang Zemin a lavar dinheiro no exterior.
O atual presidente da Comissão Regulatória de Seguros, Guo Shuqing, aludiu a Anbang e outros infratores numa entrevista recente com o jornal estatal Diário do Povo. Ele não mencionou nomes, mas disse que “alguns poucos infratores da lei, por meio de estruturas complicadas, fizeram falsos investimentos, injetaram fundos repetidamente e violaram regras para construir uma maciça corporação financeira”.
Colaborou: Gao Yi
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