Por Bowen Xiao, Epoch Times
Cerca de 1.000 praticantes do Falun Gong — também chamado de Falun Dafa — de Nova York se reuniram em 22 de abril para lembrar o 19º aniversário de um dia muito doloroso para eles, mas que é também um testemunho de grande determinação.
Calcula-se que em 25 de abril de 1999, cerca de 10 mil adeptos da disciplina espiritual do Falun Gong se reuniram em Pequim para pedir a restauração de um ambiente seguro e legal para realizar sua prática de exercício e meditação.
Naquele dia, as calçadas em torno do complexo do Partido Comunista Chinês estavam cheias de praticantes educados e pacíficos questionando por que seus amigos estavam sendo presos.
O Falun Gong é uma disciplina espiritual tradicional chinesa praticada com base nos princípios da Verdade, Benevolência e Tolerância. Três meses após a apelação feita no dia 25 de abril, o então líder do Partido Comunista Chinês, Jiang Zemin, lançou uma perseguição em grande escala contra os praticantes do Falun Gong, que continua até hoje.
Agora, quase 20 anos depois, as calçadas de Nova York ficaram repletas de pedestres que pararam para assistir e gravar o turbilhão de cores de uma banda marchante com carros alegóricos meticulosamente projetados, e dragões agitados acompanhados de alegres senhoras tocando tambores típicos chineses.
A perseguição possivelmente continua sendo o problema mais sério dos direitos humanos na China hoje. Todos os anos, o desfile em Nova York e outros semelhantes em todo o mundo conscientizam as pessoas da perseguição brutal e, ao mesmo tempo, oferecem um pouco de beleza da cultura tradicional chinesa que parece ter sido perdida nos tempos modernos.
Alguém que esteve lá em 1999
Esse fatídico dia de abril de 1999 ainda permanece na mente de Zhaohe You, agora com 65 anos de idade.
“Nós apenas ficamos ali pacificamente, o tempo todo. Queríamos que as pessoas soubessem que os praticantes que tinham sido presos em Tianjin eram inocentes”, conta You, que na época era professor da Universidade Chinesa de Ciências Políticas e Direito. “Queríamos que a sociedade aprendesse sobre a verdade e sobre que tipo de pessoas nós somos.”
“Os policiais que estavam na nossa frente estavam nervosos no começo, mas relaxaram depois de um tempo observando como éramos pacíficos”, acrescentou sua esposa, Lurai Wang, que também participou do evento histórico com seu marido.
Tanto a Human Rights Watch quanto o Departamento de Estado dos Estados Unidos têm citado fontes sugerindo que pelo menos metade dos presos em campos de trabalhos forçados na China são praticantes do Falun Gong. O sistema de campos de trabalhos forçados foi oficialmente dissolvido em 2014, mas analistas têm informações de que os campos continuam operando com diferentes nomes.
O ex-ministro do governo canadense David Kilgour observou que os ex-presos que ele e o advogado internacional de direitos humanos David Matas entrevistaram fora da China “afirmaram veementemente que o Falun Gong era o maior grupo nos campos, e que foram os que sofreram torturas e abuso sistemático”.
Estudos realizados por Kilgour e Matas e pelo repórter investigativo Ethan Gutmann sobre a extração forçada de órgãos na China relatam que um grande número de prisioneiros do Falun Gong foram mortos desde 2000 com o fim de abastecer um lucrativo negócio de tráfico de órgãos humanos.