Amiga chinesa de Ivanka Trump e Jared Kushner pode ser espiã

23/01/2018 11:24 Atualizado: 23/01/2018 16:55

Durante anos circularam rumores de que Wendi Deng, a ex-esposa do magnata da mídia Rupert Murdoch, é uma espiã chinesa. Uma notícia recente no Wall Street Journal (WSJ) reacendeu as especulações.

Segundo a matéria, agentes da contraespionagem norte-americana advertiram Jared Kushner, genro e conselheiro do presidente norte-americano Donald Trump, de que Deng poderia estar usando sua amizade para promover os interesses do regime chinês.

Deng, nascida e criada na China e hoje cidadã norte-americana naturalizada, conheceu Kushner e sua esposa Ivanka Trump há muito tempo.

A revista Vanity Fair divulgou no passado que antes de seu casamento, Deng ajudou a reconciliar o casal quando eles se separaram em 2008.

Em janeiro de 2017, num dos eventos de inauguração de Donald Trump, Deng publicou uma foto no Instagram de Ivanka e ela mesma, numa pose terna.

De acordo com o jornal WSJ, os agentes de contrainteligência não acusaram Deng, Kushner ou Ivanka Trump de fazer algo errado, mas tentaram “avisar ao sr. Kushner, novato no governo, que ele precisava ter cuidado em suas relações com pessoas cujos interesses poderiam não se alinhar com os dos Estados Unidos”.

Existem casos documentados de interações de Deng com o ex-líder do Partido Comunista Chinês, Jiang Zemin, e sua facção. No livro de 2000 da jornalista Wendy Goldman Rohm, “Missão Murdoch: a transformação digital de um império da mídia”, é mencionado um jantar com o então líder Jiang Zemin, grandes autoridades chinesas, Murdoch, seu filho James Murdoch e Deng. A reunião teve o objetivo de forjar laços comerciais com o império da mídia na China. James acabara de ser designado por seu pai como diretor da televisão asiática Star TV.

Rupert Murdoch e Wendi Deng antes do divórcio, em Londres em 26 de abril de 2012 (Peter Macdiarmid/Getty Images)
Rupert Murdoch e Wendi Deng antes do divórcio, em Londres em 26 de abril de 2012 (Peter Macdiarmid/Getty Images)

Dois anos antes, em 1999, Deng serviu de guia e tradutora durante a visita à Austrália do importante funcionário e braço direito de Jiang, Zeng Qinhong, de acordo com matéria publicada no Sydney Morning Herald. Zeng foi levada a um restaurante de frutos do mar, um dos melhores de Sydney. Fecharam o restaurante para o público para que Zeng e seus acompanhantes pudessem saborear uma especialidade local, o abalone de lábio verde, acompanhado de uma bela vista ao pôr do sol na costa. Zeng também visitou os estúdios Fox de Murdoch, onde foi apresentada às estrelas Nicole Kidman e Ewan McGregor no set de filmagens de “Moulin Rouge”.

O regime chinês acabou por reacender, sem querer, os rumores de espionagem nesta história.

Em junho de 2013, pouco depois de Murdoch pedir o divórcio, o jornal estatal chinês Diário do Povo publicou um artigo intitulado “O motivo do divórcio de Murdoch: livrar-se do controle de Deng sobre a News Corp”, aparentemente confirmando o rumor de que Deng estava tentando exercer influência sobre como as notícias sobre o regime chinês no exterior eram cobertas.

As revelações recentes sobre Kushner também contêm conexões com Jiang Zemin. De acordo com a reportagem do WSJ, funcionários dos Estados Unidos estavam preocupados com um relatório da inteligência que dizia que Deng estava administrando a construção de um jardim chinês por 100 milhões de dólares (com fundos chineses), no National Arboretum em Washington, D.C. Os agentes de inteligência consideraram o projeto um risco à segurança nacional, já que os jardins incluíam uma torre de 20 metros de altura que poderia ser usada para vigilância.

Visitantes no National Arboretum em 16 de maio de 2016 (Brendan Smialowski/AFP/Getty Images)
Visitantes no National Arboretum em 16 de maio de 2016 (Brendan Smialowski/AFP/Getty Images)

O projeto do jardim foi gerenciado por Jiang Zehui, primo de Jiang Zemin e diretor do Instituto de Pesquisa Estatal da Academia Florestal da China, em 2003.

De acordo com o WSJ, o projeto foi arquivado desde então devido a preocupações de contraespionagem.

Leia também:
Opinião: Trump luta contra violações dos direitos humanos
EUA: Senado aprova acordo e termina paralisação do governo
EUA: desemprego entre as mulheres é o mais baixo em 18 anos