Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.
A Conferência Mundial de Robôs, realizada em Pequim de 21 a 25 de agosto, foi organizada pelo Partido Comunista Chinês (PCCh) para mostrar os saltos massivos que a indústria robótica da China fez nos últimos anos.
O PCCh afirmou que os robôs humanoides da China estão “alcançando rapidamente os rivais globais”. Isto inclui incorporar inteligência artificial (IA) em alguns dos seus robôs, que já possuem capacidades militares personalizadas.
Os robôs humanoides da China expostos na conferência poderiam facilmente ser equipados com armas e provavelmente já o foram. O Exército Popular de Libertação demonstrou drones voadores armados e robôs quadrúpede com IA que se assemelham a cães com metralhadoras montadas em suas costas. Os cães robôs assassinos supostamente podem disparar suas armas de forma autônoma.
A rápida ascensão da robótica na China é dirigida pelo Estado e subsidiada no valor de mais de 1,4 bilhão de dólares, de acordo com um anúncio oficial em 2023. Em 2012, a China instalou menos de 15% dos robôs industriais a nível mundial. Em 2022, esse número aumentou para mais de 50%, com a China instalando mais de 250.000, o maior número do mundo. Em comparação, o Japão e os Estados Unidos instalaram apenas cerca de 50 mil e 40 mil, respectivamente.
Em 2016, uma empresa chinesa comprou a alemã Kuka, um dos três principais fabricantes mundiais de robôs industriais. As outras duas são a japonesa Fanuc e a suíça ABB. A Tesla também é uma fabricante líder de robôs. Ela planeja implantar 1.000 robôs humanoides Optimus nas fábricas da Tesla em 2025. Dadas as ligações estreitas de todas estas quatro empresas com a China, existe um risco significativo de transferências de tecnologia e roubo de propriedade intelectual, impulsionando ainda mais a rápida ascensão da China no espaço da robótica.
Em 25 de março, uma empresa chinesa chamada LimX Dynamics revelou um robô bípede avançado que navega em terrenos rochosos, gramados, montanhosos e outros terrenos desafiadores em uma região montanhosa da China. Um vídeo mostra o bípede sendo puxado e espancado nas pernas por um treinador com uma clava, mas ele se adapta rapidamente a esses ataques e mantém sua postura. Embora o robô seja relativamente curto, com apenas 80 centímetros, ele pode ser facilmente dimensionado para tamanhos menores ou maiores, dependendo da aplicação de inteligência, militar ou de controle de multidões.
O regime na China determinou que os robôs devem ser amigáveis aos humanos, incluindo a proteção da dignidade humana e a garantia de que não ameaçarão a segurança das pessoas. O governo promove os robôs como ajudantes domésticos, cuidadores de idosos e médicos que, segundo relatos, atenderão 3.000 pacientes por dia. No entanto, o PCCh tem interpretações peculiares de conceitos como direitos humanos, que regularmente subordina ao seu objetivo principal de manter a estabilidade do regime e expandir seu próprio poder.
Isso levanta preocupações sobre a possibilidade de o PCCh utilizar seu vasto número de robôs industriais, humanoides, caninos e outros para fins autoritários, inclusive no exterior, na medida em que esses robôs forem exportados. Especialistas já estão preocupados com a possibilidade de veículos elétricos conectados à internet (EVs) serem hackeados e transformados em armas controladas remotamente. Os EVs e robôs exportados pela China poderiam ser vistos por Pequim como uma espécie de exército adormecido de uso dual, capaz de realizar vigilância ou atacar adversários. Alguns robôs domésticos da China já são capazes de praticar artes marciais. Eles também poderiam ser projetados com capacidades militares ocultas e brechas de segurança que os tornariam vulneráveis a ataques cibernéticos e militarmente eficazes para o regime em Pequim.
Isto é preocupante, dado que a China já exporta cães-robôs baratos, equipados com câmeras e microfones, por apenas US$ 540 cada. Esse preço os coloca ao alcance de quase qualquer consumidor dos Estados Unidos e aliados. Robôs ajudantes domésticos humanoides agora podem ser adquiridos por apenas US$ 16.000 cada um. Os consumidores nos Estados Unidos e aliados podem querer comprar estes robôs, mas os especialistas dizem que eles poderiam ser hackeado e usados para prejudicar ou matar um proprietário.
Se hackeado em grande escala, um exército adormecido de robôs inseguros nos Estados Unidos, Taiwan ou outros países poderia ajudar o PCCh a ampliar a sua influência autoritária, violando os direitos humanos, cometendo genocídio ou executando uma conquista militar, como a de Taiwan. Empresas de robótica dos EUA, como Boston Dynamics, divulgaram vídeos de robôs potencialmente mais avançados do que os encontrados na China. No entanto, Pequim também poderia hackear esses robôs.
O PCCh pode estar escondendo as suas capacidades robóticas tanto quanto esconde a suas capacidades superiores de supercomputador. O PCCh pode usar o Boston Dynamics como inspiração. Já utilizou conscientemente empresas com tecnologias mais avançadas, como a Tesla, como “bagre” para estimular um desenvolvimento mais rápido na China.
Se a IA algum dia escapar do controle humano numa fuga, que preocupa muitos especialistas em IA, poderia potencialmente hackear muitos dos robôs do mundo e grande parte da Internet das Coisas (IoT) mundial, expandindo assim a capacidade da IA de vigiar o ambiente e agir nele física e autonomamente.
Mesmo que o risco de uma fuga da IA ou de uma invasão em massa dos robôs e da IoT dos EUA pelo PCCh tenha uma baixa probabilidade de se tornar realidade, o seu alto custo é tal que as regulamentações e legislação estão sendo propostas nos Estados Unidos e em outros lugares. Estas leis destinam-se a abordar o que é conhecido como um evento de “cisne negro”, que é de baixa probabilidade, mas de alto custo e, portanto, um risco a ser mitigado.
O deputado Vern Buchanan (R-Flórida), por exemplo, propôs recentemente uma alteração que exige um relatório anual do Pentágono sobre as ameaças aos Estados Unidos provenientes da tecnologia militar de IA da China, incluindo cães-robôs armados de IA. A emenda foi aprovada na Câmara sem um único voto de oposição de nenhum dos partidos.
Dissuadir o uso, por parte da China, da perigosa combinação de IA e robótica militar—e a corrida armamentista que isso pode iniciar—exige mais do que apenas inovação militar de nossa parte. É necessário remover o PCCh do controle da mais poderosa base industrial do mundo, localizada na China, para que todos os países possam se afastar da beira do desenvolvimento de robótica militar cada vez mais poderosa e desregulada habilitada por IA. Dado que o PCCh é avesso ao controle de armas e não pode ser confiável, mesmo que fosse aceito nesse papel, isso só pode ser alcançado por meio de uma profunda mudança ética na China, que provavelmente exigirá sua democratização.
As opiniões expressas neste artigo são as opiniões do autor e não refletem necessariamente as opiniões do Epoch Times