Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.
O Partido Comunista Chinês (PCCh) suspendeu o almirante Miao Hua de sua posição em uma comissão de poder que supervisiona as Forças Armadas do país, anunciou o Ministério da Defesa em 28 de novembro. A medida marca mais um episódio envolvendo altos oficiais militares na campanha anticorrupção do Partido.
Miao, que atuava como diretor do departamento de trabalho político da Comissão Militar Central, está sendo investigado sob suspeita de “graves violações disciplinares”, informou o porta-voz do Ministério da Defesa, coronel sênior Wu Qian, em uma coletiva regular em Pequim. Para o regime comunista, essa expressão é um eufemismo oficial para corrupção.
As autoridades decidiram suspender Miao de suas funções após a revisão inicial, acrescentou Wu, sem fornecer mais detalhes sobre a investigação.
A reviravolta repentina chamou a atenção de analistas políticos, já que Miao é amplamente visto como um membro-chave do exército Minjiang, uma facção política leal ao líder máximo do regime, Xi Jinping. Este grupo inclui mais de uma dúzia de oficiais e lideranças militares que trabalharam com Xi durante sua ascensão ao poder.
“A queda de Miao sinaliza que Xi está começando até mesmo a expurgar aqueles próximos a ele”, afirmou Kung Shan-Son, especialista em política chinesa do Instituto de Pesquisa de Defesa Nacional e Segurança (INDSR), um think tank com sede em Taipé financiado pelo governo de Taiwan.
“Xi está agora se apoiando na campanha anticorrupção como uma ferramenta para reforçar seu controle sobre o Exército de Libertação Popular”, disse Kung ao Epoch Times.
Desde julho de 2023, o regime chinês despediu oficialmente mais de uma dúzia de altos funcionários militares e executivos da indústria de defesa, incluindo os que comandavam a Força de Foguetes, uma unidade militar que supervisiona os mísseis convencionais e nucleares do país.
Um dos funcionários de mais alto escalão que caiu em desgraça é o ex-ministro da Defesa Li Shangfu, que foi removido de seu cargo em outubro de 2023, após dois meses de desaparecimento inexplicável. Em junho deste ano, o PCCh expulsou Li e seu antecessor, acusando-os de abusar de seus poderes e de aceitar subornos massivos, disse a mídia estatal na época.
As profundas mudanças nas altas patentes militares alimentaram especulações sobre lutas políticas internas dentro da liderança militar. Muitos observadores têm interpretado que estas medidas constituem uma estratégia de Xi para diminuir a influência de Zhang Youxia, o segundo mais alto oficial militar, sugerindo que novas purgas podem estar no horizonte à medida que a dinâmica do poder muda nos bastidores.
O Financial Times, citando atuais e ex-funcionários anônimos dos EUA familiarizados com o assunto, relatou em 27 de novembro que a China está investigando o atual ministro da Defesa, almirante Dong Jun.
Quando questionado sobre os relatórios em 28 de novembro, Wu os rejeitou como “puramente invenções”.
“A China expressa a sua forte insatisfação com tais ações de calúnia”, disse Wu.
Apesar da rejeição do regime à suposta investigação sobre Dong, analistas afirmam que o surgimento de tais especulações já levantou dúvidas sobre o controle de Xi sobre as Forças Armadas, bem como sobre a eficácia de seus esforços anticorrupção, iniciados há mais de uma década.
Hung Tzu-Chieh, especialista no Exército de Libertação Popular da China (ELP) pelo INDSR, descreveu a corrupção como algo “comum” dentro do ELP.
“Não me surpreenderia se toda a alta cúpula do Exército de Libertação Popular estivesse envolvida em corrupção”, disse Hung ao Epoch Times. “É por isso que [a reviravolta] levou comentaristas e observadores a questionarem a verdadeira lealdade das Forças Armadas [a Xi]”.
Luo Ya contribuiu para este artigo.