A alarmante diferença entre médicos chineses antigos e modernos reside em sua ética de trabalho

Hoje, há numerosos médicos na China que não se detêm perante nada — nem mesmo a extração forçada de órgãos de pessoas vivas — a fim de se tornarem asquerosamente ricos

12/02/2019 20:31 Atualizado: 12/02/2019 20:31

Por Daniel Cameron, Epoch Times

Como os tempos mudaram! Dá para imaginar que a antiga terra da China, que já foi o lar dos mais maravilhosos médicos, agora seja famosa pelo genocídio médico na forma de extração forçada de órgãos?

Quando o Partido Comunista Chinês (PCC) tentou destruir a cultura tradicional da China, inspirada pelo divino e com 5.000 anos de antiguidade, as consequências não poderiam ter sido mais desastrosas.

A virtude dos antigos médicos chineses

Os médicos da China antiga não eram apenas médicos profissionais, mas também praticantes espirituais do Dao. Esses médicos especialistas cultivaram seus corações e mentes através da meditação e refinamento de sua conduta, de acordo com os princípios confucionistas, taoístas ou budistas. Eles melhoraram seus conhecimentos através do estudo diligente da medicina e aderiram a rigorosos padrões morais em seu trabalho.

Tomemos como exemplo o médico da dinastia Tang, Sun Simiao. Conhecido como o Doutor Celestial Sun, ou o Rei da Medicina Chinesa, Sun é famoso por suas tremendas contribuições à medicina tradicional chinesa e por seus incansáveis esforços para servir e viver para os outros com todo o seu coração.

Sun Simiao (Wikimedia)
Sun Simiao (Wikimedia)

As palavras muitas vezes ditas por Sun de que “uma vida humana é preciosa e mais valiosa do que 1.000 liang de ouro”, diz muito sobre o tipo de pessoa que ele era. (“Liang” é uma antiga unidade de medida chinesa).

Para quem quer entender a ética do trabalho de Sun, não é preciso olhar além de seu ensaio (abaixo) “Sobre a sinceridade absoluta dos grandes doutores”, que foi batizado de “Juramento Hipocrático Chinês”.

Quando vou tratar uma doença, preciso primeiro acalmar minha mente e tornar minhas intenções firmes.

Não cederei aos desejos ociosos, mas primeiro devo desenvolver uma atitude de compaixão.

Prometo resgatar todos os seres vivos de seus sofrimentos.

Se alguém vier a mim por causa de doença ou qualquer outra dificuldade, não me preocuparei se são poderosos ou humildes, ricos ou pobres, velhos ou jovens, bonitos ou feios.

Inimigos, parentes, bons amigos, pessoas da etnia Han ou outro grupo étnico, tolos e sábios, todos são iguais para mim. Considerarei cada um deles como parente próximo e querido, ou como se fosse eu que estivesse afetado por uma doença.

Não vou me preocupar com minha própria vida, nem com minhas posses ou infortúnios. Meu objetivo é preservar a vida dos outros.

Não me esconderei nas montanhas. Dia e noite, no frio e no calor, na fome, sede e cansaço, cumprirei minha tarefa com determinação. Se eu for capaz de agir dessa maneira, poderei chegar mais perto de ser um ótimo médico para aqueles que estão doentes. Se eu agir contra esses preceitos, não serei mais do que um grande ladrão para os que estão vivos.

Muitas vezes as pessoas desprezam aqueles que sofrem de coisas abomináveis, como úlceras ou diarreia, no entanto, vou manter uma atitude de compaixão, simpatia e cuidado. Nunca em um grande médico deve surgir uma atitude de rejeição.

Eu não vou me gabar da minha reputação. Não vou desacreditar outros médicos enquanto elogio minhas próprias virtudes.

Dessa forma, cumprirei com minhas responsabilidades e meu destino como médico até que não seja mais capaz de cumprir com minhas obrigações, ou até o fim da minha vida.

Sun é apenas um exemplo. Existiram muitos outros médicos destacados, como Li Shizhen, Bian Que e Hua Tuo, para citar alguns.

(Shutterstock)
(Shutterstock)

Genocídio médico atual

Mas os tempos mudaram e o padrão moral geral também mudou.

Os valores morais de honestidade, lealdade, altruísmo, conhecimento, integridade e cortesia na China, influenciados pelo confucionismo, foram reformados e substituídos pela cultura do Partido Comunista, e sabemos que o comunismo não dá valor à vida humana.

Sob as ordens de Mao Tsé-tung, a elite cultural chinesa foi assassinada em massa e, ao longo do tempo, o PCC fez com que o nível moral geral da China despencasse, o que causou todo tipo de problemas sociais que vemos hoje, como na área médica.

Hoje, há numerosos médicos na China que não se detêm perante nada — nem mesmo a extração forçada de órgãos de pessoas vivas — a fim de se tornarem asquerosamente ricos.

Annie (nome fictício) diz que tanto ela como seu ex-marido trabalharam no Centro para o Tratamento de Trombose no Centro Integrado de Medicina Chinesa e Ocidental na Província de Liaoning, entre 1999 e 2004.

“Ele era um neurocirurgião”, disse Annie ao editor-chefe do Epoch Times em abril de 2006. “Ele foi responsável pela remoção das córneas de praticantes do Falun Gong, incluindo praticantes vivos do Falun Gong.”

(Epoch Times)
(Epoch Times)

Ela se divorciou depois que ele contou a ela que havia removido as córneas de 2.000 praticantes entre o final de 2001 e outubro de 2003, de acordo com o relatório de pesquisa da Bloody Harvest.

“Eu mesma fiquei grandemente traumatizada e arrasada”, continuou Annie. “Se meu próprio ex-marido não tivesse me dito que ele extraía órgãos de praticantes vivos do Falun Gong, eu não teria acreditado.”

“Alguns dos funcionários do hospital sabiam disso, mas eles… Muitos cirurgiões participaram de tais procedimentos para remoção de órgãos em segredo. Outros membros da equipe não ousaram revelar o segredo, mesmo quando tomaram conhecimento. Eles evitaram falar sobre isso porque não queriam ser mortos”.

Annie agora reside nos Estados Unidos para sua própria segurança.

Ex-cirurgião diz que o PCC vende órgãos “para líderes do regime, empresários ou estrangeiros ricos”

O ex-cirurgião Dr. Enver Tohti, que testemunhou perante o Parlamento Escocês em 2013, diz que se sente tremendamente culpado por um caso de extração forçada de órgãos no qual ele esteve envolvido na China em 1995.

Posted by Enver Tohti on Wednesday, November 25, 2015

“Eu era um robô programado e fiz o que estava programado para fazer”, confessou Tohti, segundo TheNewsLens.

O homem cujos órgãos ele extraiu ainda respirava no momento da cirurgia, o que realmente o matou foi o bisturi do médico.

“Naquela época eu não tinha qualquer sentimento a respeito porque me considerava um orgulhoso membro de um grande país e estávamos nos livrando dos inimigos do Estado.”

Mais tarde, ele não pôde ignorar sua consciência.

Não querendo ser chamado para nenhuma outra dessas operações antiéticas, Tohti fugiu para a Inglaterra e desde então tem revelado como o regime chinês está envolvido na remoção forçada de órgãos, o que, segundo ele, continua ocorrendo hoje.

Tohti diz que o regime chinês “mata pessoas para pegar seus órgãos e vendê-los para líderes governamentais, empresários ou estrangeiros ricos”.

“Eu não gosto de comunistas”, acrescenta ele. “O sistema comunista é muito bom se você quiser viver em uma ditadura, mas se houvesse uma classificação de governos ruins, então o PCC seria o pior. Ele não trata as pessoas como seres humanos”.

A extração forçada de órgãos está acontecendo em uma escala sem precedentes

A extração forçada de órgãos na China ocorre em escala muito maior hoje, segundo os pesquisadores independentes David Kilgour, ex-secretário de Estado do Canadá (Ásia-Pacífico), e David Matas, advogado de direitos humanos, que afirmam que o regime chinês realiza 100 mil transplantes por ano.

Aqueles cujos órgãos estão sendo extirpados não são criminosos condenados, mas prisioneiros de consciência — principalmente praticantes do Falun Gong — que são pessoas inocentes que praticam meditação, que não fumam ou bebem, que levam uma vida saudável e que por isso têm órgãos relativamente saudáveis.

(NTD TV)
(NTD TV)

As taxas de transplantes na China dispararam justamente no início da perseguição do regime ao Falun Gong, e a indústria de transplantes é extremamente lucrativa para o regime chinês. Os sites dos hospitais mostram abertamente os preços dos órgãos: um coração varia entre 130 mil e 160 mil dólares, os rins saem por 150 mil cada, o fígado custa entre 98 mil e 130 mil, o pulmão entre 150 mil e 170 mil e uma córnea sai por 30 mil dólares.

As histórias do Dr. Tohti e Annie são apenas duas; existem muitas mais, como o oficial da Secretaria de Segurança Pública da cidade de Jinzhou, que forneceu um raro testemunho ocular da extração forçada de órgãos de pessoas vivas, no qual ele afirma que “nenhum anestésico foi usado” quando o coração de uma mulher foi retirado.

Médicos sem consciência

Embora o Juramento de Hipócrates, de 2.500 anos de antiguidade, tenha sido substituído pela Declaração de Genebra, que é uma promessa que muitos médicos fazem depois de se formarem na faculdade de medicina, o que aconteceu com essa promessa na China, ou qualquer outro tipo de juramento médico, para esses casos?

A Declaração de Genebra inclui a frase: “NÃO USAREI meu conhecimento médico para violar os direitos humanos e as liberdades civis, mesmo sob ameaça”.

De acordo com as evidências apresentadas nos livros Bloody Harvest e The Slaughter, os hospitais chineses em todo o país estão envolvidos em genocídio médico, e a ética médica nesses hospitais é praticamente inexistente.

Tal é a atual decadência moral existente na China, uma consequência direta infligida pelo culto ao comunismo.

(Epoch Times)
(Epoch Times)

Foi assim que a Câmara dos Deputados dos Estados Unidos aprovou por unanimidade a resolução H.Res.343, em junho de 2016, que “pede ao governo da República Popular da China e ao Partido Comunista da China que cessem imediatamente a prática de extração de órgãos de prisioneiros de consciência”.

Embora seja bom ouvir algumas vozes de justiça por aí, quantas vidas mais serão perdidas antes que o mundo acorde?