Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.
A repressão transnacional da China comunista está se expandindo, estendendo as táticas de controle de Pequim — como censura, intimidação e vigilância — para países estrangeiros, incluindo os Estados Unidos, enquanto busca monitorar e pressionar críticos e comunidades chinesas no exterior.
No final de agosto, dois ex-editores do Stand News de Hong Kong, Chung Pui-kuen e Patrick Lam, foram condenados por supostamente conspirar para publicar materiais sediciosos sob a lei de sedição de Hong Kong. Este caso, um dos primeiros desde a transferência de 1997, levantou sérias preocupações sobre o futuro da liberdade de expressão e da imprensa em Hong Kong. A condenação ilustra os crescentes esforços do Partido Comunista Chinês (PCCh) para suprimir a dissidência fora da China continental.
O alcance repressivo do PCCh se estende muito além de suas fronteiras, como demonstrado pelo caso de Wang Shujun, um cidadão norte-americano naturalizado de 75 anos, condenado nos Estados Unidos por atuar como agente do PCCh. Wang foi considerado culpado de espionar dissidentes chineses.
A repressão transnacional do PCCh evoluiu para uma estratégia global destinada a silenciar a dissidência, controlar sua diáspora e expandir sua influência autoritária. Embora o regime chinês tenha há muito tempo utilizado táticas como censura, vigilância e repressão à oposição dentro de suas fronteiras, esses métodos estão sendo cada vez mais aplicados no exterior, impactando indivíduos e comunidades em nações democráticas.
Segundo a Freedom House, as ferramentas extraterritoriais de repressão do PCCh incluem assassinato, rendição, deportação ilegal, agressão, spyware, intimidação familiar, ameaças digitais, abuso da Interpol e controles de mobilidade. Essas estratégias destacam o amplo alcance do PCCh e sua determinação em suprimir a oposição globalmente, minando as liberdades democráticas em outras nações.
Em abril de 2023, 40 oficiais das forças de segurança interna da China foram acusados de um esquema de repressão transnacional que visava dissidentes chineses vivendo nos Estados Unidos. Esses oficiais foram acusados de usar contas falsas de redes sociais para assediar e intimidar indivíduos que defendiam a democracia na China. Além disso, eles supostamente trabalharam com funcionários de uma empresa de telecomunicações dos EUA para suprimir a liberdade de expressão, removendo dissidentes da plataforma. Este caso destaca a extensão dos esforços globais do PCCh para controlar a narrativa, mesmo em países democráticos.
A maioria dos perpetradores envolvidos no esquema de repressão transnacional de 2023 eram oficiais do Ministério da Segurança Pública (MPS) da China, que, juntamente com o Ministério da Segurança do Estado (MSS), a Polícia Armada Popular (PAP), o Exército de Libertação Popular (PLA) e a milícia, gerenciam a segurança doméstica. Essas forças lidam com ameaças internas, como protestos e terrorismo, com o MPS assumindo a liderança na aplicação da lei, ordem pública, controle de distúrbios e esforços antiterroristas.
Além disso, dois oficiais da Administração do Ciberespaço da China (CAC), conhecida por seu vasto controle sobre o conteúdo digital, foram implicados. O envolvimento desses oficiais destaca a agenda mais ampla da China de afirmar controle sobre as comunidades da diáspora chinesa e os territórios que habitam, sinalizando a crença do PCCh de que essas comunidades permanecem sujeitas à sua autoridade, mesmo no exterior.
Grande parte dos recentes incidentes de repressão transnacional pode ser atribuída ao lançamento da Operação Fox Hunt pelo PCCh em 2014, seguida pela Operação Sky Net em 2015. Embora esses programas sejam oficialmente parte da campanha global “anticorrupção” do líder chinês Xi Jinping, eles têm sido usados principalmente para atingir rivais políticos e indivíduos que caíram em desgraça com o PCCh.
Essas operações muitas vezes utilizam métodos ilegais, violando a soberania internacional e os direitos humanos. As táticas incluem assédio, perseguição, pressão sobre membros da família e, em alguns casos, sequestro. Até o momento, o grupo de direitos Safeguard Defenders documentou 283 casos de retornos extrajudiciais em pelo menos 56 países e dois territórios (Hong Kong e Macau), destacando os esforços agressivos de repressão transnacional de Pequim.
A repressão de Pequim vai além de operações secretas, como visto durante a visita de Xi em 2023 a São Francisco para a cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (APEC), onde grupos pró-PCCh confrontaram violentamente manifestantes anti-PCCh. Essas ações, incentivadas por acomodações gratuitas oferecidas pelo consulado chinês, fazem parte de um esforço mais amplo do PCCh para controlar a narrativa no exterior, especialmente dentro de sua diáspora.
As autoridades chinesas frequentemente visam dissidentes nos Estados Unidos e em outros países por meio de métodos diretos e indiretos, muitas vezes trabalhando com organizações como o Departamento de Trabalho da Frente Unida, que é responsável por influenciar governos estrangeiros, cooptar comunidades da diáspora e avançar os objetivos políticos de Pequim no exterior. Isso reflete a estratégia global do regime chinês de usar poder brando, intimidação e coerção para silenciar críticos e dissidentes.
À medida que a China expande sua influência global, a distinção entre civis e agentes do Estado torna-se cada vez mais tênue. Grupos da diáspora com conexões com o PCCh têm sido fundamentais para avançar a agenda de Pequim, estabelecendo uma rede global de influência que se estende desde embaixadas chinesas até comunidades locais.
Essas redes, frequentemente coordenadas pelo Departamento de Trabalho da Frente Unida, desempenham um papel crucial na promoção da narrativa do PCCh e na supressão da dissidência no exterior. À medida que Pequim continua a refinar seus métodos de controle e influência, o alcance de suas táticas repressivas pode crescer, prejudicando ainda mais os valores e liberdades democráticas em todo o mundo.
As opiniões expressas neste artigo são do autor e não refletem necessariamente as opiniões do Epoch Times.