Por Brehnno Galgane, Terça Livre
Após a Polícia Federal (PF) informar que possui evidências que podem confirmar delação de Sérgio Cabral contra o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), vídeos vazados no último final de semana complicam ainda mais a situação do magistrado e ainda envolvem diretamente sua esposa.
Nos vídeos vazados da delação, o ex-governador do estado do Rio de Janeiro acusa o ministro Toffoli de ter recebido dinheiro para favorecer dois prefeitos do estado.
“O ministro Dias Toffoli lidera um grupo de pessoas para busca de vantagens indevidas e eu sou testemunha disso porque participei, inclusive diretamente, de pagamentos de vantagens indevidas”, denunciou Cabral em seu depoimento.
No domingo (23), um vídeo mais completo foi divulgado. A esposa do ministro, a advogada Roberta Rangel, teria ido pessoalmente ao gabinete de Cabral e, na presença do ex-governador, ligado para o seu marido, Dias Toffoli.
“Durante o encontro, a Dra. Roberta ligou para o ministro Dias Toffoli. Ele registrou a alegria, a satisfação de eu receber sua esposa e agradeceu pela colaboração e gentil recepção”, disse Cabral.
Preso desde novembro de 2016 por crimes de corrupção cometidos durante sua gestão à frente do estado do Rio, Sérgio Cabral já foi condenado 18 vezes no âmbito da Operação Lava Jato e sua pena é superior a mais de 342 anos de prisão.
Ao comentar o caso, o analista político Carlos Dias, durante o Boletim da Manhã desta segunda-feira (24), lembrou do envolvimento do ministro Dias Toffoli ao inconstitucional “Inquérito do Fim do Mundo”.
“Primeiro eu gostaria de lembrar do caso do Inquérito do Fim do Mundo, só para ver a questão da votação do Plenário. Todos eles entenderam e se manifestaram no sentido de que não era uma medida de abertura correta de um inquérito o que foi feito pelo ministro e presidente de então, que era o Dias Toffoli, então o que eles disseram? ‘Nós vamos dar um ajuste jurídico a isso’ – que é o acordo do Plenário – para manter esse inquérito aberto, embora a via correta de se tomar e cuidar desse inquérito não seria, obviamente, o STF, e muito menos nomeando o Relator diretamente sem distribuição, que aconteceu com o ministro Alexandre de Moraes”, analisou Carlos Dias.
“Ou seja, o plenário já organizou isso. O que eu quero dizer? Se você tem uma delação, um inquérito, se foi tudo apurado e delegados ouviram o réu, inclusive condenado – Sérgio Cabral tem mais de 300 anos de condenação de prisão -, então, esses delegados, que são experientes em fazer inquéritos policiais produziram o inquérito, fizeram um acordo de delação e enviaram agora para o STF. Eu pergunto o seguinte: qual é o vício que tem ali?”, questionou o analista político.
E continuou: “Vamos destruir todas as provas do inquérito? Vamos incapacitar ou inabilitar, por exemplo, de antemão, delegados da Polícia Federal experientes em inquéritos, em tomar depoimentos e entregar para o Poder Judiciário, ou até mesmo se for o caso, em parceria, ou até mesmo encaminhando à Procuradoria Geral da República, há algum vício nisso? Há alguma prova ou materialidade que não foi comprovada? Há algum indício de que não se estava de forma substancialmente colocada de garantia de que aquele inquérito possa ser considerado como uma expressão de verdade? Não. É só olhar que no caso do Toffoli foi simples, eles fizeram Plenário”, pontuou Dias.
“Essas coisas que têm materialidade são questão de alta segurança nacional, porque se você tem um ministro do Tribunal Superior Eleitoral e que faz parte da Suprema Corte sob suspeita, tem que ser investigado. Então, o que nós vamos fazer? Vamos anular todo o processo por uma mera condição de filigrana processual e deixar aquele que delatou, tendo provas, não alcance aquele que produziu as atitudes criminosas?”, questionou Carlos Dias.
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