O governo federal ajustou o traçado da Ferrogrão, ferrovia que ligará Sinop (MT) ao porto de Miritituba (PA), para contornar uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF). O novo percurso afasta a linha férrea do Parque Nacional do Jamanxim, no sudoeste do Pará, uma das principais áreas de preservação ambiental, que tem sido alvo de contestações judiciais.
A alteração no traçado responde às preocupações ambientais levantadas por partidos como o PSOL e ONGs, que pressionam o STF a suspender o projeto. Críticos alertam que a ferrovia representa uma ameaça ao meio ambiente, especialmente em áreas próximas a reservas e parques nacionais.
O PSOL alega que o desenvolvimento de infraestrutura na Amazônia pode facilitar o desmatamento e a degradação ambiental, além de impactar populações indígenas. Em 2021, o presidente do partido, Juliano Medeiros, acusou o governo Bolsonaro de “tratorar” leis ambientais e os direitos dos povos indígenas para beneficiar o agronegócio.
O PSOL enviou uma carta ao senador norte-americano Bernie Sanders solicitando sua ajuda para barrar o projeto, divulgando o tema para evitar o que descreveram como uma “catástrofe ambiental”.
Apesar das críticas, o governo Lula segue tentando viabilizar a obra, considerada crucial para o desenvolvimento econômico, especialmente para o agronegócio
A Ferrogrão é vista como fundamental para melhorar a logística do país, facilitando o escoamento da produção agrícola do Mato Grosso e do Centro-Oeste para o mercado internacional. O projeto busca desafogar as rodovias e oferecer uma alternativa mais econômica e sustentável para o transporte de mercadorias.
Segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a ferrovia será uma alternativa logística estratégica para a exportação de produtos agrícolas, diminuindo custos de transporte e tempo de deslocamento. O governo também aponta a redução das emissões de gases de efeito estufa, devido à maior eficiência energética do transporte ferroviário e a diminuição de caminhões.
George Santoro, secretário executivo do Ministério dos Transportes, afirmou ao Poder360 que o novo traçado é “juridicamente sustentável” e expressou confiança de que o governo poderá resolver o impasse no STF. Ele explicou que o plano original não contemplava esse trajeto ao lado da rodovia por falta de viabilidade técnica.
O governo destaca que a Ferrogrão integra uma estratégia mais ampla de expansão da malha ferroviária, visando diversificar os modais de transporte e reduzir a dependência das rodovias. A obra deve atrair investimentos privados, impulsionar a economia regional e gerar empregos diretos e indiretos ao longo do seu percurso.
O Epoch Times Brasil entrou em contato com o PSOL que não respondeu ao pedido de comentário até a publicação da matéria.