A renda habitual média dos trabalhadores brasileiros subiu 5,8% no segundo trimestre de 2024, conforme estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), divulgado na sexta-feira (6). O relatório, com dados da PNAD Contínua do IBGE, confirma a continuidade do aumento iniciado no segundo semestre de 2023, mas revela diferenças entre a administração pública e outros setores.
Os setores que mais impulsionaram o aumento da renda foram a indústria e a administração pública, com crescimento acima de 8% em comparação a 2023. A indústria se beneficiou da recuperação pós-pandemia, voltando a patamares de crescimento, enquanto a administração pública manteve sua estabilidade com forte elevação salarial.
Trabalhadores por conta própria e sem carteira assinada também tiveram crescimento acima da média, com aumentos de 7% e 7,9%, respectivamente, impulsionados pela recuperação das atividades informais e maior demanda por serviços autônomos.
Setores com crescimento modesto ou queda
Entretanto, nem todos os setores apresentaram um desempenho positivo. O estudo destaca que setores como construção, agricultura e serviços profissionais registraram os menores índices de crescimento, ou até mesmo quedas nos rendimentos.
O setor de construção, que emprega grande parte da força de trabalho, registrou uma queda de 1% na renda, impactado pela desaceleração nas atividades e desafios no mercado imobiliário.
A agricultura teve um leve aumento de 0,5%, ainda abaixo do crescimento de setores mais dinâmicos.
Já os serviços profissionais, como finanças, TI e comunicação, cresceram apenas 2,1%, mostrando uma recuperação modesta após anos de maior expansão.
Perspectivas e desigualdade
O relatório também aponta que, apesar do crescimento geral da renda, há uma tendência de desaceleração para os trabalhadores com carteira assinada no setor privado, que tiveram um crescimento mais modesto de 4,4%. Essa categoria tem enfrentado aumentos salariais menores quando comparada aos trabalhadores do setor público e informais.
Outro ponto relevante é a desigualdade de renda, que, embora tenha se estabilizado após a pandemia, ainda mostra sinais de persistência. O índice de Gini da renda individual, que mede a desigualdade salarial, subiu de 0,490 no primeiro trimestre de 2024 para 0,492 no segundo trimestre, destacando as diferenças salariais entre os diversos grupos de trabalhadores.
Em termos regionais, o Nordeste destacou-se com um crescimento de 8,5% na renda habitual, enquanto o Centro-Oeste apresentou uma desaceleração, com um aumento de apenas 3,3%. O relatório também destaca que trabalhadores com ensino superior foram os que mais se beneficiaram do aumento de renda, enquanto aqueles com escolaridade mais baixa apresentaram crescimentos modestos.