STF suspende julgamento sobre quebra de sigilo de buscas na internet

Google alerta para risco da criação de um precedente de vigilância indevida por meio da Suprema Corte.

Por Redação Epoch Times Brasil
17/10/2024 09:55 Atualizado: 17/10/2024 11:22

O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu o julgamento sobre a quebra de sigilo de buscas na internet em investigações criminais. O julgamento é criticado pelo Google por ser entendido como um precedente para uma vigilância indevida.

Não há data definida para a retomada da análise, mas o prazo máximo para o retorno do processo é de 90 dias.

A principal questão envolve um recurso do Google contra a obrigação de fornecer dados de usuários que buscaram termos relacionados à vereadora Marielle Franco, assassinada em 2018. A solicitação abrange buscas por “Marielle Franco”, “Casa das Pretas” e “Rua dos Inválidos, 122” antes do crime.

Até agora, Alexandre de Moraes e Cristiano Zanin votaram contra o recurso, obrigando o Google a fornecer os dados. Rosa Weber, relatora original, votou a favor do recurso, isentando a empresa de fornecer as informações.

Weber argumentou que a ordem judicial era ampla demais e violava a privacidade, atingindo um grupo indefinido de pessoas sem ligação clara com a investigação.

Moraes defendeu a quebra de sigilo, dizendo que é essencial para investigações criminais e que os alvos podem ser determinados com base em outras evidências, citando casos de pornografia infantil como exemplo.

“Muito impressiona que o Google entre com mandado de segurança para impedir uma investigação importantíssima do assassinato de uma vereadora, dizendo que isso fere a intimidade,  quando o Google usa os dados de todos nós, sem autorização, para mandar para nós mesmos uma propaganda”, comparou Moraes.

Moraes garantiu que o acesso aos dados seria restrito às partes envolvidas e que informações irrelevantes seriam descartadas, afirmando que o Marco Civil da Internet ampara esse tipo de solicitação.

Zanin sugeriu uma diferenciação entre usuários suspeitos e inocentes, visando proteger a privacidade de quem não tem relação com o crime.

Segundo o Google, os dados dos usuários ao qual tem acesso não são vendidos e não repassados a outras pessoas, sendo usados unicamente para direcionar propagandas.

A bigtech alerta que a medida cria um precedente para vigilância indevida e já atendeu outras requisições no caso Marielle, mas considera essa demanda uma violação da privacidade garantida pela Constituição e pelo Marco Civil da Internet.

Com o pedido de vista de André Mendonça, o julgamento segue em aberto e a decisão final será fundamental para definir os limites da quebra de sigilo em investigações criminais no Brasil.