STF revoga autorização para auditoria no sistema de distribuição de processos

Por Redação Epoch Times Brasil
24/09/2024 14:22 Atualizado: 24/09/2024 14:22

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso, revogou uma decisão anterior e bloqueou o acesso do portal UOL e de uma equipe de especialistas em tecnologia da informação à inspeção do código-fonte do sistema de distribuição de processos judiciais entre os ministros.

A decisão foi publicada pelo próprio UOL nesta terça-feira (24).

Entenda o Caso

Após quatro anos de tramitação, o STF havia concedido ao UOL, via Lei de Acesso à Informação (LAI), o direito de acessar o código-fonte do sistema de distribuição processual, além de permitir a análise dos registros de uso do programa. 

O sistema sorteia aleatoriamente o ministro responsável por relatar cada processo no tribunal.

Contudo, faltando menos de 72 horas para a visita técnica que havia sido agendada para setembro, a decisão foi revogada. Segundo Barroso, a medida foi justificada pelo risco de ataques cibernéticos, citando incidentes ocorridos em agosto e setembro de 2024. 

Segundo o UOL, o magistrado afirmou que o acesso ao código-fonte poderia facilitar ações de hackers, comprometendo a segurança dos sistemas do STF.

“A concessão de acesso ao código-fonte de sistemas informatizados e o eventual conhecimento público da estrutura dos dados de processos judiciais poderiam facilitar gravemente os ataques hacker, num momento delicado”, disse Barroso.

Dúvidas sobre o sistema de distribuição aumentaram

As incertezas em relação ao sistema de distribuição de processos no STF ganharam força em 2017, quando o ministro Edson Fachin foi designado, por sorteio, para assumir a relatoria dos casos da Operação Lava Jato, após o acidente aéreo que resultou na morte do então relator, ministro Teori Zavascki.

Recentemente, novas dúvidas surgiram quando o ministro Alexandre de Moraes foi escolhido para relatar a maioria dos processos relacionados às supostas tentativas de golpe de Estado, além da investigação em que o ex-juiz Sergio Moro acusou o governo Jair Bolsonaro (PL) de interferir na Polícia Federal.

Mudança de decisão

Inicialmente, Barroso havia decidido a favor da auditoria em março, reconhecendo o interesse público em garantir transparência no funcionamento do sistema de distribuição de processos. 

O UOL havia agendado a visita para análise em setembro e já havia coordenado os detalhes com funcionários do STF, incluindo a participação de especialistas do Brasil e da Dinamarca.

Porém, com a revogação, o UOL cancelou a vinda de dois técnicos que partiriam de São Paulo, enquanto outro especialista, o professor Diego Aranha, da Universidade de Aarhus, já havia chegado a Brasília quando a visita foi cancelada.

O portal, que recorreu da decisão, manifestou preocupações em relação à falta de transparência e à base técnica da decisão, alegando que ela se apoiou em conceitos errôneos sobre segurança digital.