O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou o desbloqueio de 30% do salário do senador Marcos do Val (Podemos-ES). Atualmente, o salário bruto de um senador é de R$ 44 mil. O bloqueio original havia sido imposto em agosto de 2024, como parte de uma investigação em que Do Val é suspeito de obstrução de justiça.
As investigações contra Marcos do Val envolvem alegações de que ele teria tentado interferir em procedimentos judiciais, inclusive com declarações e publicações em redes sociais que poderiam influenciar as apurações da Polícia Federal. Em resposta a essas suspeitas, o STF havia determinado o bloqueio de seus bens e salários.
O senador é suspeito de obstrução de justiça devido a publicações nas redes sociais em que critica o delegado da Polícia Federal, Fábio Schor, e o chama de um “capataz” do ministro Alexandre de Moraes. As declarações foram feitas em meio a investigações conduzidas por Shor contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e contra pessoas que protestaram e foram presos nos atos de 8 de janeiro.
“Shor tem invadido residências com mandados de busca e apreensão ilegais, apontando armas na cara de crianças, e confiscando celulares dessas crianças”, criticou o senador Marcos do Val em publicação na rede social X. “Essas ações são desumanas e inaceitáveis, e estão sendo realizadas sob a falsa bandeira da Polícia Federal, quando na verdade são ordens diretas de Alexandre de Moraes, com a conivência deste delegado covarde.”
As falas de Do Val intensificaram as tensões entre ele e o ministro do STF. As críticas foram vistas como uma tentativa de desqualificar as investigações em curso, o que gerou o bloqueio das contas de Do Val.
Além disso, Marcos do Val é investigado em um inquérito que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado tratada em reunião com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-deputado Daniel Silveira. Na ocasião, ele também teve perfis nas redes sociais bloqueados em junho de 2023, época em que o escritório e o gabinete do senador foram alvos de busca e apreensão, determinados por Moraes.
Contudo, ao analisar o pedido da defesa, o ministro Moraes considerou que a liberação de parte do salário do senador não prejudicaria o andamento das investigações e garantiria que o senador pudesse arcar com suas despesas básicas.