A SpaceX, empresa de tecnologia espacial chefiada pelo bilionário Elon Musk, iniciou o processo de retirada de seus colaboradores do Brasil e aconselhou que novas viagens ao país sejam evitadas.
A informação foi divulgada pelo Wall Street Journal nesta quarta-feira (4).
De acordo com o jornal americano, a presidente da SpaceX, Gwynne Shotwell, enviou na semana passada um comunicado interno orientando funcionários a evitarem deslocamentos ao Brasil, tanto a trabalho quanto por motivos pessoais.
A empresa também já transferiu seus empregados estrangeiros que atuavam no país, de acordo com fontes ligadas à companhia.
A decisão é consequência de uma batalha judicial entre a plataforma X (antigo Twitter), também de propriedade de Musk, e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
Em agosto, o X encerrou suas operações no Brasil porque, segundo ordem judicial publicada online pelo empresário, colaboradores corriam risco de prisão.
Na sexta-feira (30), Moraes ordenou o banimento completo da rede social X em todo o território brasileiro, bloqueando o acesso de milhões de usuários à plataforma.
A retomada das atividades foi condicionada ao cumprimento de exigências legais, incluindo o pagamento de multas pendentes e a nomeação de um representante jurídico no país.
As ações de Moraes também impactaram a Starlink, empresa de internet via satélite da SpaceX, que teve suas finanças congeladas no Brasil.
Instabilidade preocupa investidores
O bilionário Bill Ackman, gestor financeiro e fundador da Pershing Square Capital, disse que ações como a suspensão do X no Brasil e o congelamento das contas da Starlink podem desestimular o investimento estrangeiro no país.
Ackman comparou o ocorrido à instabilidade jurídica na China ter afastado investimentos do país asiático anteriormente.
Milton Rabelo, analista de investimentos da VG Research, que supervisiona uma carteira de US$ 10,4 bilhões, compartilha da preocupação expressa por Ackman.
De acordo com Rabelo, as tensões entre o Supremo Tribunal Federal (STF) e o magnata Elon Musk podem gerar repercussões adversas no mercado financeiro e na economia real. O analista aponta que tais conflitos tendem a aumentar a percepção de risco em relação ao Brasil.
Ele destaca que essa elevação na percepção de risco leva os investidores a exigir retornos mais altos para continuar aplicando seus recursos no país.
“Esse aumento da percepção de risco faz com que os investidores passem a exigir taxas de retorno maiores para continuar investindo no Brasil, seja através de ativos financeiros ou por meio da economia real, já que existe a possibilidade de interferências indevidas por parte do poder público que podem impactar negativamente e geração de caixa e lucro das companhias em operação no país”, explicou ao Infomoney.