Sócio de laboratório responsável por testes que resultaram na contaminação por HIV de seis transplantados é preso no RJ

Os infectados já foram informados e testes de outros 288 doadores passam por revisão.

Por Redação Epoch Times Brasil
14/10/2024 23:46 Atualizado: 14/10/2024 23:46

Na manhã da segunda-feira (14), a Polícia Civil do Rio de Janeiro prendeu o médico ginecologista Walter Vieira, um dos sócios do laboratório PCS Lab Saleme. A empresa realizou os testes errados de HIV que resultaram na infecção de seis pessoas com o vírus, após se submeterem a transplantes de órgãos. 

A ação faz parte da primeira fase da Operação Verum, que investiga a emissão de laudos falsos por parte do laboratório localizado em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense

Walter foi detido por agentes da Delegacia do Consumidor (Decon) e, além dele, Ivanildo Fernandes dos Santos, responsável técnico do laboratório, também foi preso. Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, filho de Walter e outro sócio do PCS Lab Saleme, foi levado pela polícia para prestar depoimento.

Além da prisão, a operação cumpriu 11 mandados de busca e apreensão, mobilizando 40 agentes. A polícia investiga a possibilidade de falsificação em outros laudos por parte do laboratório — além dos que levaram à infecção dos seis pacientes.

O escândalo começou com a descoberta de que os procedimentos feitos pelo laboratório, contratado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ) para testar doadores de órgãos, estavam comprometidos.

A SES-RJ iniciou a parceria com o PCS Lab Saleme em dezembro de 2023, ao firmar um contrato de 12 meses no valor de R$ 11 milhões. A investigação revelou que as infecções ocorreram após transplantes realizados na rede pública de saúde estadual.

Governador e Polícia Civil se pronunciam

O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), afirmou que o crime é “inaceitável” e “atenta contra a vida e a dignidade humana”. 

“O crime é inaceitável e atenta contra a vida e a dignidade humana. Não descansaremos até que todos os envolvidos nesse esquema criminoso sejam identificados e punidos de acordo com a lei. A vida de inocentes foi colocada em risco, e o Estado não permitirá que esse tipo de crime fique impune”, se manifestou o governador através de nota.

Na sexta-feira (11), a Polícia Civil havia iniciado as investigações, e o Ministério Público do Rio de Janeiro também instaurou um inquérito civil para apurar as circunstâncias das infecções.

O secretário de Estado da Polícia Civil, Felipe Curi, enfatizou a necessidade de investigar o caso com “rigor e rapidez”.

“Determinei imediatamente a instauração do inquérito, atendendo a determinação do governador para que os fatos fossem investigados com maior rigor e rapidez. Conseguimos elementos para representar pelas cautelares junto à Justiça em tempo recorde, para que os culpados sejam punidos com a maior celeridade”, declarou o secretário em comunicado.

Em nova etapa das investigações, a Polícia Federal também abriu um inquérito para coletar depoimentos de testemunhas, representantes do laboratório e dos pacientes infectados. 

Laboratório nega falsidade de laudos

De acordo com o PCS Lab Saleme, uma sindicância interna identificou indícios de erro humano em dois testes de HIV, que causaram as infecções. 

A defesa de Walter e Mateus Vieira afirmou que repudia com veemência a suposta existência de um esquema criminoso para forjar laudos dentro do laboratório. Ressaltou que o PCS Lab Saleme é uma empresa atuante no mercado há mais de 50 anos. E acrescentou que ambos prestarão todos os esclarecimentos à Justiça.