Servidores do Ibama encerram greve após pressão judicial

Decisão tomada pelo STJ prevê multa para caso de desobediência, o que gerou revolta nas entidades grevistas.

Por Redação Epoch Times Brasil
13/08/2024 10:47 Atualizado: 13/08/2024 10:47

Após um mês e meio de paralisação, os servidores do Ibama e do ICMBio decidiram na segunda-feira (12) encerrar a greve ao aceitarem a proposta do governo federal, mas a decisão foi influenciada por uma ordem do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que considerou a adesão dos servidores essenciais à greve ilegal e impôs multas significativas.

A greve, motivada por insatisfações salariais e a falta de avanços nas negociações, foi encerrada com a aceitação de uma proposta governamental que inclui um reajuste de 23% e reestruturação de carreiras. No entanto, os servidores sentiram frustração, pois acreditam que suas demandas não foram plenamente atendidas.

O STJ impôs uma multa diária de R$ 200 mil caso a ordem de retorno ao trabalho não fosse cumprida. Após isso, as lideranças sindicais orientaram os servidores a acatarem a decisão judicial. Segundo a ASCEMA Nacional, as entidades planejam recorrer, mesmo sem efeito suspensivo imediato, e continuarão lutando por melhores condições de trabalho.

“A Condsef/Fenadsef e a ASCEMA Nacional informam que os servidores acatarão decisão judicial, o que não implica em concordância”, afirmou a Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente (ASCEMA) em uma publicação em seu site oficial.

Em uma nota oficial, a ASCEMA Nacional expressou indignação com a postura do governo, classificando a atitude de buscar a ilegalidade da greve como uma afronta ao direito constitucional de greve e “incoerência entre o discurso e suas ações”.

“Por outro lado, vemos mais uma vez a incoerência entre o discurso e a prática deste governo, já há poucos dias o próprio presidente Lula disse ‘Nós vamos negociar com todas as categorias. Ninguém será punido neste país por fazer uma greve. Eu nasci fazendo greve. É um direito legítimo’”, ressaltou a associação.

O acordo firmado com o governo, apesar de garantir reajuste salarial e reestruturação de carreiras, deixou um sentimento de desvalorização entre os servidores, que se sentem traídos pela forma como o processo foi conduzido.

“Registramos que esta greve é apenas uma amostra do que poderá acontecer, caso o governo permaneça indiferente às nossas reivindicações e ao cumprimento do próprio discurso que o ajudou a se eleger”, finalizou a nota.

O acordo inclui, além do reajuste salarial, a devolução dos salários cortados durante a greve e a criação de grupos de trabalho para discutir a reestruturação das carreiras dos servidores. Esses grupos devem propor mudanças para atender às necessidades das categorias, embora muitos servidores mantenham dúvidas sobre a efetividade dessas medidas sem um compromisso mais firme do governo.

A ASCEMA Nacional reafirmou seu compromisso de continuar a luta pelos direitos dos servidores ambientais, destacando que, apesar da suspensão da greve, as reivindicações permanecem.