Rondônia reduz incêndios e pede ajuda ao Governo Lula para combater fumaça da Bolívia

O governador Coronel Marcos Rocha (União) falou sobre a necessidade urgente de apoio para enfrentar os incêndios também no país vizinho

Por Angela Brito
09/09/2024 12:02 Atualizado: 10/09/2024 14:16

O estado de Rondônia enfrenta as maiores queimadas dos últimos 14 anos. A Operação Temporã, organizada pelo governador Coronel Marcos Rocha (União), conseguiu reduzir significativamente os focos de incêndio no Parque de Guajará, de 464 para 4. No entanto, ainda há dois desafios: a crise hídrica e a fumaça proveniente da Bolívia.

Em coletiva de imprensa nesta sexta-feira (6), Rocha anunciou ter solicitado apoio ao Governo Lula para enviar aviões que combatam a fumaça vinda da Bolívia. 

“Se acabassem todos os focos, mesmo os pequenos, Rondônia ainda teria fumaça porque ela está vindo de fora”, explicou o governador. “Provamos isso com imagens de satélite. Precisamos do apoio do Governo Federal para que possamos ajudar a Bolívia a combater o incêndio em sua região e reduzir a fumaça que chega até nós.”

Imagem de satélite da fumaça da Bolívia em direção a Rondônia (Imagem: captura de tela)

Rocha disse que a solicitação de aviões para lançar água sobre a região boliviano foi enviada a várias pastas do Governo Lula: Casa Civil, Ministério do Desenvolvimento Regional e Ministério da Defesa, além do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). 

“É evidente que a fumaça não vem apenas de Rondônia”, ressaltou a promotora de Justiça, Flávia Mazini. “A localização do estado auxilia na confluência dessa fumaça.”

Operação Temporã

A Operação Temporã, criada para controlar os focos de queimadas em parques e reservas ambientais, começou no Parque Guajará-Mirim no domingo (1º). A operação mobilizou 300 agentes estaduais da Polícia Militar (PMRO), Polícia Civil (PCRO), Superintendência da Secretaria de Desenvolvimento Ambiental (Sedam) e Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RO).

O governo estadual também conta com o apoio do Ministério Público do Estado (MPRO), do Exército, do Ibama e da Polícia Federal (PF). Até o momento, foram realizadas 450 abordagens policiais na região.  

“Temos mais de 190 profissionais [bombeiros e policiais militares] atuando diretamente no combate às queimadas e na fiscalização das áreas de preservação”, disse o secretário de Estado da Segurança, Defesa e Cidadania (Sesdec), Felipe Bernardo Vital. “O objetivo é reduzir os incêndios e responsabilizar infratores. A integração entre as forças policiais e as instituições ambientais é fundamental para o sucesso da Operação.”

Segundo o governo de Rondônia, desde o início da Operação Temporã, houve uma redução de 1.718 hectares queimados na Unidade de Conservação Parque Estadual Guajará-Mirim. Com 220 mil hectares, o Parque é duas vezes maior que a cidade do Rio de Janeiro.

Crise hídrica 

“Há três meses não chove em Porto Velho, que está situada às margens de um dos maiores e mais rápidos rios do Brasil, o Madeira. A seca histórica fez com que as famílias ribeirinhas estejam vivendo com menos de 50 litros de água por dia. Essa quantidade é menos da metade dos 1.190 litros diários considerados pela Organização das Nações Unidas (ONU) como necessários para suprir as necessidades básicas.

“Nós estamos enfrentando não só a crise desse fogo, dessa fumaça causada por esses incêndios criminosos que estão sendo colocados, mas também a crise hídrica”, disse o governador Rocha. “Com a falta de água isso se agrava mais ainda. Estamos trabalhando para controlar os focos de calor e contribuir com a saúde da população e o meio ambiente.”