Rodrigo Maia é eleito presidente da Câmara dos Deputados

14/07/2016 01:32 Atualizado: 14/07/2016 09:55

O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) foi eleito na madrugada desta quinta-feira (14) novo presidente da Câmara dos Deputados. Ele teve 285 votos no segundo turno, contra 170 de Rogério Rosso (PSD-DF), também derrotado no primeiro turno, por 120 a 106. Maia é agora o segundo na linha de sucessão do presidente da República. Rodrigo Maia exercerá o cargo até 31 janeiro de 2017, um mandato “tampão” devido à renúncia do então presidente afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na semana passada.

Já antes da votação desta madrugada, o candidato do PSD reconheceu sua derrota, apesar do apoio do PP. Além de PPS, PSB, PSDB e DEM, Maia também contou com o apoio do PR, PCdoB, PDT, PTN, e das bancadas do PMDB de Minas Gerais e do Rio de Janeiro e do terceiro colocado, Marcelo Castro (PMDB-PI), que teve 70 votos e apoiava Rosso. PMDB, o maior partido na casa, e PT, que apostava em Castro, decidiram liberar suas bancadas.

Esta foi a eleição mais concorrida e com maior flutuação de alianças partidárias da história da Câmara. O recorde de 17 parlamentares concorrentes só baixou para 14 após as desistências de Fausto Pinato (PP-SP), Beto Mansur (PRB-SP), Heráclito Fortes (PSB-PI) e Maria do Rosário (PT-RS). A entrada de última hora na disputa de um ex-ministro de Dilma e do mesmo partido do presidente interino Michel Temer, Marcelo Castro, havia tornado imprevisível o resultado.

Ex-líder do PFL e ex-presidente do DEM, Rodrigo Maia tem sido um opositor dos governos Lula e Dilma, quando não possuía trânsito na casa. Então potencial líder do governo Temer na Câmara dos Deputados, foi preterido por André Moura (PSC-SE), que teve o apoio de Cunha e dos partidos de centro. Filho do ex-prefeito do Rio Cesar Maia, Rodrigo é casado com Patrícia Vasconcelos, enteada de Moreira Franco, assessor especial de privatizações do governo Temer.

Gestão democrática

Em seu discurso antes da votação do segundo turno, o deputado do DEM foi aplaudido ao defender que governaria junto aos demais 512 parlamentares. “Podem ter certeza: se eu sentar naquela cadeira, serei um de 513. Vamos governar essa casa juntos.”

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Maia defendeu o resgate da autonomia do Legislativo perante o Executivo e, também, perante os líderes. “Nós vamos devolver o plenário à sua soberania. Nosso voto hoje tem veto, porque poucos decidem pela gente. É melhor votar com calma, mas votar a matéria de forma correta. É o que cada um de nós quer, e vamos trabalhar para acabar com o império dos líderes. Eles são fundamentais, mas não são os únicos com direito a palavra.”

Rodrigo Maia disse ainda que deseja resgatar o orgulho dos deputados por sua profissão. “Está faltando uma Câmara dos Deputados forte, que nos orgulhemos de usar esse broche, que passamos a ter vergonha para não sermos vaiados na rua.”

O deputado do DEM rebateu as críticas por sua aliança com partidos de esquerda defendendo uma fiscalização forte do governo que ele apoia, por parte da oposição, “que vai nos ajudar a enxergar os nossos erros”, afirmou. Entre os nomes que ele disse admirar ao chegar à Câmara, está o ex-deputado José Genoino, condenado no mensalão.

Sucedendo Maia na tribuna, ainda antes da votação do segundo turno, Rogério Rosso abriu seu discurso pedindo um abraço do adversário. “Rodrigo, quero te dar um abraço para que qualquer um que for eleito, a gente possa recomeçar”, disse Rosso.