A percepção negativa do mercado financeiro em relação ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou ao nível do início de seu atual mandato, alcançando 90% de reprovação.
De acordo com levantamento da Genial/Quaest divulgado na quarta-feira (4), a pesquisa, que ouviu gestores, economistas e operadores de fundos de investimento, mostra que o otimismo em relação ao governo despencou desde a última consulta realizada em março deste ano. Naquela ocasião, 64% dos entrevistados tinham uma avaliação negativa da gestão petista.
A pesquisa foi realizada entre os dias 29 de novembro e 3 de dezembro. Esse período coincidiu com o anúncio de um pacote fiscal pelo governo, em uma tentativa de equilibrar as contas públicas.
No entanto, o pacote foi recebido com ceticismo e desaprovação por parte dos agentes financeiros. A quantidade de profissionais do mercado que considera a gestão de Lula regular caiu de 30% para 7%, enquanto a aprovação positiva passou de 6% para apenas 3%.
Entre os principais motivos para essa visão pessimista está a percepção de fragilidade das medidas de ajuste fiscal. Há também uma crescente preocupação com o equilíbrio das contas públicas a longo prazo.
De acordo com a pesquisa, a credibilidade do novo arcabouço fiscal é considerada pouca ou nenhuma por 100% dos entrevistados. Isso reflete uma falta de confiança generalizada nos planos do governo para conter gastos e reduzir o déficit.
A expectativa negativa em relação ao desempenho econômico brasileiro também foi destacada. Para 96% dos entrevistados, a direção da política econômica é considerada equivocada. Esse número representa um salto expressivo em relação aos 71% que já consideravam isso em março.
A combinação de falta de confiança no arcabouço fiscal e na condução das contas públicas elevou a perspectiva negativa do mercado sobre a economia de 32% para 88%.
Diante desse cenário, a pesquisa também avaliou a possível mudança no comando do Banco Central. A indicação de Gabriel Galípolo para substituir Roberto Campos Neto teve aprovação de 62% dos entrevistados, enquanto 38% se mostraram contrários.
A maioria dos participantes também acredita que o Comitê de Política Monetária (Copom) deve elevar a taxa de juros em 0,75 ponto percentual agora em dezembro. A previsão é de que a Selic termine o ciclo acima dos 14% ao ano.
Disputas presidenciais de Lula ou Haddad
Em relação às eleições presidenciais de 2026, o levantamento revelou que sete em cada dez entrevistados acreditam que Lula tentará a reeleição. No entanto, a maioria (66%) não considera o atual presidente como o favorito.
Nos cenários analisados para o segundo turno, Lula seria derrotado em todos os confrontos simulados contra nomes como Jair Bolsonaro, Tarcísio de Freitas, Ronaldo Caiado e Pablo Marçal.
A situação é similar para o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Caso se candidate, ele também seria derrotado em todas as projeções.