A expectativa de inflação para 2024 foi elevada pela sexta semana consecutiva de acordo com o mais recente Relatório Focus, divulgado pelo Banco Central (BC) na segunda-feira (26). A projeção do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu de 4,22% para 4,25% mostrando uma tendência de aumento contínuo da inflação.
Esse aumento reflete as persistentes pressões inflacionárias que têm desafiado a economia brasileira. O mercado está cada vez mais preocupado com a capacidade do Banco Central de alcançar a meta de inflação de 3% estabelecida para 2024 visto que a inflação já chegou em 4,5%, o limite da meta.
Além da expectativa anual, o Relatório Focus também revisou a projeção de inflação para agosto. A previsão caiu de 0,10% para 0,05%. Embora isso possa sugerir uma desaceleração temporária, as projeções do IPCA para setembro mostram um cenário diferente, subindo de 0,23% para 0,27%.
O mercado está agora atento à divulgação da prévia da inflação oficial, o IPCA-15, que será publicada na terça-feira (27). A maioria das expectativas para o IPCA-15 de agosto é de um aumento menor de cerca de 0,10%, um indicador crucial que pode oferecer uma visão positiva do comportamento da inflação. A Waren Rena, por exemplo, espera que haja uma alta de 0,12%.
Se as expectativas continuarem subindo, isso pode reforçar a percepção de que a inflação permanece resistente e o Banco Central poderá ser forçado a manter uma política monetária mais rígida a longo prazo. Esse cenário aumentaria a pressão sobre o Banco Central para adotar medidas adicionais, como a possibilidade de prolongar o período de juros elevados e subir a taxa Selic para conter o aumento dos preços.
“Inflação fora da meta é situação desconfortável, e ter que subir juros é situação cotidiana para quem está no BC”, afirmou Gabriel Galípolo, diretor de política monetária do Banco Central.
Outro ponto importante do Relatório Focus desta semana foi a revisão das projeções para a taxa de câmbio. A expectativa para o dólar subiu para R$ 5,32, refletindo a volatilidade do mercado cambial, o que afeta diretamente as exportações que são feitas em dólar, ao mesmo tempo que aumenta as importações.
A taxa Selic, atualmente em 10,50% ao ano, deve ser mantida até o final de 2024, segundo as projeções do mercado. Isso demonstra que os analistas ainda acreditam na necessidade de uma política monetária apertada para controlar a inflação. Contudo, cada dia mais empresas esperam que o BC suba ainda em setembros as taxas de juros.