As empresas brasileiras estão mais pessimistas sobre a economia do que os agentes financeiros entrevistados no Relatório Focus, conforme o novo Relatório Firmus do Banco Central, publicado na segunda-feira (12). A pesquisa, realizada ao longo de 2023 e 2024, mostrou que as expectativas das empresas para o crescimento econômico e a inflação nos próximos meses são mais pessimistas e variadas do que o setor financeiro calcula.
Um dos principais resultados da pesquisa Firmus é a expectativa inflacionária das empresas. A mediana das expectativas de inflação para os próximos 12 meses foi consistentemente de 4,0% nas três rodadas da pesquisa, acima da mediana da Pesquisa Focus, que variou entre 3,60% e 3,89%.
A pesquisa Firmus também mostrou maior dispersão nas respostas das empresas, com desvios-padrão mais elevados em comparação à Focus, sugerindo maior incerteza entre as empresas sobre a futura trajetória da inflação.
Essa diferença entre as expectativas das empresas e do mercado financeiro pode ser atribuída ao contato direto das empresas com pressões de custos e sua maior sensibilidade a fatores locais, como variações nos preços de insumos e salários, que podem não ser totalmente capturados nas projeções dos agentes financeiros na Pesquisa Focus.
Crescimento econômico em 2024 em pessimismo moderado
As empresas demonstraram cautela em relação ao crescimento econômico. A mediana das expectativas para o PIB em 2024 na pesquisa Firmus ficou próxima da mediana da Pesquisa Focus, em torno de 2,0%. No entanto, a maior dispersão das respostas na Firmus indica uma variedade significativa de opiniões, com algumas empresas prevendo um desempenho econômico bem abaixo da média. O menor crescimento do PIB registrado na Focus foi de 0,70%, enquanto na Firmus chegou a 0%.
Além disso, a maioria das empresas espera que o crescimento de seus setores esteja em linha ou ligeiramente acima do PIB nacional, mostrando um otimismo moderado quanto ao desempenho específico de suas áreas, apesar do cenário macroeconômico desafiador.
Previsões para custos de mão de obra, preços e lucro
A pesquisa também capturou as expectativas das empresas em relação aos custos de mão de obra e aos preços de seus produtos. A maioria espera que os custos de mão de obra aumentem mais de 4% nos próximos 12 meses, com uma parte significativa prevendo aumentos alinhados com a meta de inflação, refletindo preocupações com as pressões salariais em um ambiente inflacionário.
Quanto aos preços dos produtos, as empresas esperam que eles subam em linha ou ligeiramente acima da inflação projetada, indicando uma tentativa de repassar parte dos custos aumentados para os consumidores.
Sobre as margens de lucro, a maioria das empresas nas três rodadas da pesquisa indicou que espera mantê-las no mesmo nível ou discretamente acima dos atuais nos próximos 12 meses. Isso sugere que, apesar das pressões de custos, as empresas estão buscando maneiras de preservar a rentabilidade, seja aumentando preços ou controlando custos.